quarta-feira, 1 de julho de 2015

Temos nosso próprio tempo

Em um mundo onde os "deverias" se sobrepõem às verdadeiras necessidades das crianças, torna-se um refrigério ler textos como esse do Uma vez mamífera.

Uma bela reflexão sobre o tempo singular de cada um, confiram!


Bebês devem sentar com seis meses. Bebês devem engatinhar com oito meses. Bebês devem andar com um ano. Bebês devem começar a falar com um ano e meio. Crianças devem ser alfabetizadas aos cinco anos. E daí por diante.
Quadrados. Escaninhos fechados, etiquetas que colamos nas crianças sem olhar para elas pelo que são: indivíduos únicos, especiais, cada um dotado de possibilidades e limitações que só dizem respeito a si mesmos.
O tempo é matéria moldável. Não existe um tempo único para fazer as coisas sob o sol. Há o meu tempo, há o seu tempo, há o tempo de cada criança para abrir os olhos para as coisas do mundo. Se a gente respeita, espera, aguarda, observa, as coisas acontecem.
A criança sentará, engatinhará, andará, comerá, falará, lerá e escreverá em um tempo que é só seu. Não pertence a nós, pais e cuidadores. Pertence a ela, a criança. É único. Não aceita condução. A condução é uma violência.
Não falo obviamente de patologias, estas exigem atenção e cuidado pontual, que um cuidador atento estará pronto para oferecer, se necessário. Falo daquilo que muda conforme aquilo que somos, da forma incomparável que temos, cada um de nós, para fazer as coisas, para ver e viver a vida. Falo daquilo que nos torna pessoas.
A criança é aquilo que é. Faz as coisas a seu tempo, absorve o mundo a seu modo, e a nós cabe um olhar respeitoso, de acolhimento, um olhar que não julga, apenas compreende e aceita que a criança é como é.
Quando seu filho for um adulto, fará diferença ter começado a engatinhar aos seis meses, ou aos oito, ou com um ano? Será importante ter começado a andar com um ano, ou um ano e meio, ou um ano e nove meses? Terá algum peso ter começado a ler com quatro anos, ou com seis, ou com oito? Certamente que não.
O que fará toda a diferença será aquilo que ele terá guardado (ou não) dentro de si: a sensação doce e acolhedora de ter sido olhado, respeitado, compreendido e aceito em sua integridade, com todos os seus poréns, com suas dificuldades e talentos próprios, com tudo aquilo que lhe caracteriza como alguém único no mundo, sem prestar-se a comparações com quem quer que seja.
Isso é o que fará dele uma pessoa feliz. O resto, é acessório.
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