quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Sessão de Cinema para Autista em Goiânia

CEQ informa: 

Estão abertas as incrições para a sessão especial no cinema para Autistas em Goiânia - GO. Esta primeira vez é experimental e acontecerá no auditório do CRER. As vagas são limitadas e cada criança deve estar acompanhada por apenas 1 adulto responsável. Para inscrição, envie email para contato@institutosuassuna.com com nome completo, idade e data de nascimento da criança; e, nome completo do acompanhante.
O projeto "Cinema Azul" faz parte da campanha nacional de inclusão.

Não deixem de participar!


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O ano termina... e começa outra vez!


Que este fim de ano traga consigo as reflexões daquilo que vivemos, das experiências que tivemos, reconhecendo que cada uma delas contribui para sermos quem somos hoje! Que sempre seja possível ver o que cada situação trouxe de aprendizado para nós, contribuindo para nossa busca de sermos melhores pais, educadores, filhos, amigos, seres humanos!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Menos presente, mais presença!


Ganhar presente é bom, e nós desejamos que o seu Natal seja cheio deles! Mas, melhor do que isso é ter a presença daqueles que amamos. No final das contas, os brinquedos perdem a graça, o jogo deixa de ser interessante, a boneca é deixada de lado, e o que fica são os momentos compartilhados em família, as histórias para contar, as risadas, os abraços. É isso o que verdadeiramente desejamos para todos! 
Feliz Natal!!!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O melhor presente para seu filho: Você!

Um belíssimo experimento realizado para nos chamar atenção para aquilo que as crianças realmente necessitam neste Natal e ao longo de todo o ano! Os presentes são muito desejados, mas a alegria de partilhar momentos com os pais e familiares é incomparável. Fiquemos com a frase de uma das mães: E pensar que você quer dar todo o melhor, e o melhor é você!
Um Feliz Natal para todos, repleto de jantares em família, cosquinhas, passeios de bicicleta, partidas de futebol... sempre juntos!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Existe mesmo brinquedo de menina ou menino?


Temos muito a aprender com este olhar ingênuo, curioso e questionador das crianças! 
Que neste natal nossas crianças ganhem como presente a chance de serem escutadas em suas reflexões, colocando em questão inúmeros padrões sociais tão cristalizados, que já nem paramos mais para pensar sobre eles. E aí? Existe mesmo brinquedo de menina ou menino? Ou será que cada um pode gostar daquilo que quiser? 
Obrigada, Riley, por esse riquíssimo questionamento!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Fériasfobia

Hoje eu escuto mães com voz trêmulas, respiração ofegante e tom de voz alterado me perguntando “ O que você vai fazer com eles nas férias?!” 
Eu dormia até mais tarde, bem mais tarde.
Pulava o café da manhã e ia direto pro almoço, às vezes nem almoço existia.
Assistia, desenhava, brincava, pintava, brigava com as minhas irmãs.
Tomava banho tarde, muito tarde. Os pés sempre sujos, a cabeça fedia a suor e a roupa sempre surrada.
Queria puxar o Sol, queria comer as nuvens e encontrar todas as minhocas dos vasos de plantas da minha mãe.
Não ia para a Disney, nem para a praia, nem para acampamento e nunca, juro por DEUS,  nunca tentei me jogar de um prédio por isso, ou pensei em comprar uma metralhadora para matar uns desconhecidos por aí. Curtia a minha casa, as minhas coisas e até hoje eu gosto disso.
Hoje eu escuto mães com voz trêmulas, respiração ofegante e tom de voz alterado me perguntando “ O que você vai fazer com eles nas férias?!”
Oras, estava pensando em apenas deixa-los de férias. Precisa mais?
Não, eu não organizo programações especiais, nem viagens (sempre tão caras nessa época), nem passeios, nem acampamentos, nada, nadinha.
Quando foi mesmo que começamos a ter medo das férias escolares? Foi quando começamos a temer o simples fato de ter nossas crianças em tempo integral em casa? Foi quando decidimos que precisamos administrar tudo, até as brincadeiras deles, é isso?
Confesso que teve um ano que caí nessa armadilha, uma amiga virou pra mim, meio em pânico e me disse “ E aí, a Manú entra de férias quando? Vamos fazer o que?” , percebi que não havia pensando em nada, não havia me preocupado com isso e me cobrei. Tentei matricula-la em curso de culinária, pintura, futebol, capoeira, costureira. Me ferrei. Esses cursos não foram feitos em horários para mães que trabalham fora. A logística fica impossível. Chegava para busca-la na minha mãe e questionava “ o que ela fez hoje?” e minha mãe, sempre tão em posse da sua sabedoria, dava com os ombros em tom de deboche e falava “ué, nada! A menina não está de férias?” e eu não entendia e me cobrava “ Meu DEUS! Minha filha passou o dia todo, no alto dos seus 3,4 anos sem fazer NADA?! Que tipo de mãe eu sou?”
Passou.
Sei que o contexto da infância mudou. Mudaram os cenários, as influências, as trajetórias, mas tem uma coisa que permanece inalterada: a criança.
Criança foi, é e sempre será criança.
Ei,  chega mais perto, vou te contar um segredo: Acreditem neles, eles sabem se divertir.
Os meus estão na vó com as primas, babá e, por enquanto, com uma das Tias. Acordam quando querem, assistem até enjoarem da Peppa (é possível?), brincam, brigam, brigam, brincam, brigam. Do que? Sei lá do que! De tudo, de nada, com tudo que não podem e deixam de lado tudo que podiam. São crianças e isso basta. Confio que eles possuem competência para serem o que são. Não interfiro.
Se estivessem em casa comigo, como estivemos nas férias de julho, seria igual. Adoro passar o dia com eles na minha casa, na casa deles.
É certo que não acharia nada ruim de estar com todos em Nova York ou Fortaleza, mas não trato aqui da condição financeira de fazer e sim da cobrança em ter que fazer e do medo de ter que ficar.
Eu sinceramente desejo que os meus gastem o tempo deles tentando puxar o sol, tentando comer as nuvens e que não cavem nos vasos da minha mãe!!! Por favor!!
Curtam as férias deles e os deixem.
Fonte: Tenho 3

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pais nascem depois do filho nascer

Lembro-me de perguntar a uma jovem paciente se já havia informado a sua mãe sobre o seu desejo em relação a ela. A jovem me retornou dizendo que a mãe já deveria saber. Expliquei que provavelmente sua mãe não tinha a menor noção daquela demanda e que seria bom para as duas que ela a informasse. Na sessão seguinte, ela chega com um grande sorriso no rosto, divertindo-se com a ideia de que sua mãe não sabia, nem mesmo do que parecia ser óbvio.

Quando nasce um bebê, os pais têm a certeza de que nada sabem, em especial no primeiro mês. Com o tempo, entendem que é preciso acreditar que sabem de algo, para que deem destino à energia que circula no corpo deste novo ser que veio à luz tão prematuramente. Isso porque os humanos são filhotes que sofrem de uma prematuridade que requer todo uma construção cultural para orientá-los no mundo. Com o passar do tempo, os pais vão se sentindo à vontade com essa suposição de que sabem o que é o melhor para seus filhos. E cada qual supõe uma verdade distinta da de seu parente, amigo, vizinho. Mas quando a família chega à adolescência (sim, porque todos adolescem juntos) é que temos tal verdade destituída de sua potência absoluta.

A criança que segue sendo amada e bem olhada por seus pais na infância terá na adolescência o devido cuidado com seu corpo. Seguirá se amando e tomando os cuidados que lhe foram transmitidos pela experiência do dia a dia com os pais. Porém, não significa que este adolescente estará protegido do pensamento onipotente tão característico dessa fase: “Fulano não se deu bem, mas isso não acontecerá comigo”. Quem nunca pensou assim? Que cada qual retome as lembranças de sua adolescência e visite esta frase em pelo menos um ato. E sim, o adolescente atua, vai lá e faz acontecer. Não é essa a liberdade que grande parte dos adultos inveja? Contudo se esquecem de todo o restante das experiências dessa fase que amedrontam, aterrorizam e acuam esse mesmo ser aparentemente tão livre e atuante.
Como educar um filho? Tema de tantas discussões, livros e artigos, mas não deste que pretende tratar de como surgem os pais. Acredita-se que os pais surjam do desejo de encontrar esse terceiro. E ele chega para nos submeter a uma mudança. Há nessa escolha inconsciente, de se tornar pai ou mãe, um movimento de submissão. Pois diante de um bebê, estamos prontos a nos submeter a um tempo e a um desejo do outro. Não se trata mais apenas de nós mesmos. É em nome desse amor quase traumático de tão absoluto que abandonamos em parte as nossas defesas mais sórdidas e abrimos a guarda para o encontro com esse outro.
Mas não sejamos ingênuos. Afinal, não deixamos de ser humanos com todas as dificuldades de cedermos em nossas defesas agressivas. Quem nunca se colocou de forma agressiva frente ao outro para ter o que deseja? A partir dessa fraqueza e em nome da educação muito sadismo é oficializado e muita covardia é desculpada.
Não deveríamos nem mesmo discutir sobre o quão desnecessário e cruel é punir um ser mais frágil física e subjetivamente. Seja com espancamentos ou com humilhações verbais, com a desculpa de que se quer o melhor para ele. Se o desejo é o melhor, que seja apresentado da melhor forma possível. Mas se não der, que, no mínimo, possa-se recuar com horror frente a seu ato. E que haja bravura em se desculpar com o(a) filho(a).
Eis uma atitude digna do lugar que os pais ocupam. Não era esse o desejo desde o princípio, o de se encontrar com um outro ser e continuar aprendendo com a vida? Aprende-se a ser pai, aprende-se a ser mãe. Mas não basta ter um filho para que isso aconteça. Nem mesmo se esconder por trás da muralha da educação punitiva. Correndo o risco de ser piegas, continuo apostando no amor. Ele requer sempre que se abandone a couraça onipotente. Que os pais nunca se esqueçam de como foi e como é ser filho. Assim, quem sabe, poderemos nos aproximar mais de nosso suposto semelhante que nos é maravilhosamente diferente. Na verdade, uma bela novidade.
Marcela França de Almeida é psicanalista
e professora do curso de psicologia da UFG.

Fonte: O Popular

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

É preciso saber viver...


Um dia tudo passará, a vida acabará e não haverá mais nada a ser feito
Mas até que este momento chegue, a vida deve ser vivida!
Sendo assim, busque fazer isso da melhor e mais intensa forma possível ;)


Tenham uma boa semana e lembrem-se você ainda está vivo!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Fechamento do curso "A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO DAS AUXILIARES EDUCATIVAS E AS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL A PARTIR DA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL"

Com muita alegria que finalizamos nossa quinta turma do curso destinado às auxiliares educativas dos Centros de Educação Infantil  da Rede Municipal de Goiânia.
Parabéns aos professores e alunos que se dedicaram com muito comprometimento a essa ação formativa!

"Momentos atrás estava com minhas alunas discutindo um trabalho final que elas fariam para a semana seguinte. Eu estava muito cansada, mal conseguia manter os olhos abertos. O curso estava no final e pela carinha delas, elas também estavam igualmente cansadas. Eu comecei a pensar em todo o projeto desde o início, escolha e estudo dos temas, montagem do plano de curso, reuniões e mais reuniões (e mais reuniões) sobre como daríamos notas, como iríamos fazer com as alunas que precisavam faltar um pouco mais, enfim, tudo que fizemos até aquele presente dia e como eu estava extremamente desgastada e casada. Parei um pouco e decidi que iria dispensar a discussão por nem eu, nem elas, aguentarem mais. No momento que eu estava ausente pensando em tudo isso e em como eu encerraria a discussão, elas começaram a debater sobre o quão animadas estavam (apesar das carinhas) para começar o trabalho, nos exemplos que dariam, em qual aluno elas estavam se baseando para falar sobre determinado tema, etc. As olheiras estavam ali, mas os sorrisos também. Foi nesse momento que eu descobri o porquê de estar onde eu estava. Não eram meus sonhos de docência, ou cargos e títulos como professora/pesquisadora. Era por elas, auxiliares educativas, que faziam jornada dupla, estudavam a noite, cuidavam de filhos, sogras, maridos, que não tinham mais nenhum espaço formativo além daquele que nós oferecíamos. Percebi a importância que tive como professora ao facilitar e transmitir conhecimentos que passei quatro anos acumulando. Conhecimento este que teve um papel fundamental ao empoderar educadoras com tão poucas oportunidades formativas. Nosso esforço como equipe, de proporcionar o nosso melhor (ficando noites sem dormir preparando slides, quebrando a cabeça para ajustar os temas e todas as inúmeras dificuldades que tivemos) foi importante para elas. Eu senti pela primeira vez na minha graduação que eu poderia sim fazer alguma coisa com tudo que aprendi, com tudo que passei. Entendi que professor é um agente transformador da realidade. Uma transformação diária, quase invisível, mas que está ali. Precisei passar por toda a licenciatura para me dar conta que eu não queria ser professora. O que eu quero mesmo é transformar vidas, histórias e quem sabe, o mundo". Por Camila Baptista ( Licencianda em Psicologia -UFG).






quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Meu filho, você não merece nada!


Resgatamos um dos excelentes textos da jornalista Eliane Brum, para pensar se nosso filho "merece" mesmo ser tão feliz! Leia e reflita!


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebemos que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade.

Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O real significado de uma festa de aniversário




Que saudade das festas de aniversário de verdade! De quando as crianças se divertiam simplesmente por estarem juntas com uma música e balões. De quando no fim da festa os convidados elogiavam a organização, a comida e era possível ver a satisfação no rosto dos pais e familiares, revelando que foi corrido, mas deu tudo certo, valeu a pena! Saudade do olhar da criança quando ela mesma recebia os seus convidados e presentes (e não uma cerimonial) e podia dar aquele abraço apertado de gratidão e felicidade... Será que em algum lugar, em meio a espaços de festas e animadores, ainda é possível encontrar o olhar dessa criança?

É sobre isso que o Just Real Moms escreveu para o Shopping Iguatemi. Vamos refletir junto a elas e repensar o real significado das festas que temos proporcionado  para nossas crianças!

Acho que toda mãe vai concordar comigo: a festa que fazemos para os nossos filhos é para comemorar com a criança o crescimento dela, o passar do tempo e as alegrias juntos. Acredito que esse seja o verdadeiro motivo e significado do evento!
 
Sempre que planejo uma festa de aniversário dos meus filhos ou vou a alguma comemoração infantil, reparo que o leque de opções está sempre maior e as novidades, a mil. Mas mesmo com toda a inovação e empresas modernas que garantem uma festa super diferente e única para os nossos filhos, a impressão que tenho é que as festinhas são todas iguais, pré-fabricadas e com falta de espontaneidade.
 
Por isso, sinto muita saudade das festas de antigamente. A comemoração começava dias antes, com todos os enfeites e balões sendo montados pelos familiares, os brigadeiros e cajuzinhos sendo feito pelas tias na cozinha enquanto ajudávamos e raspávamos as latas de leite condensado ao mesmo tempo. Bem diferente de hoje em dia, que a criança já entra no ambiente todo pronto e feito por estranhos.
 
Antes, a expectativa era alta e esperávamos os convidados com muita ansiedade. Especialmente os primos e amiguinhos que dançariam Xuxa, Angélica, Sandy e Júnior e cantariam Balão Mágico o dia todo. Não precisávamos de animadores de festa gritando nos nossos ouvidos, as crianças naturalmente se animavam. Não precisávamos de lembrancinhas absurdamente elaboradas, porque aqueles anéis de plástico baratos, os apitos, os chocolates de guarda-chuvinha dentro dos saquinhos já eram mega divertidos. Fora o balão gigante que era estourado do final da festa com doces e farinha dentro!
 
O que eu acho que precisamos entender é que as crianças podem sim ser felizes com menos. As festas de hoje em dia, focam em tudo: nos brinquedos, nas lembrancinhas, na mesa, na super produção do local, na animação, e deixam o aniversariante quase que em segundo plano. Acredito que essas comemorações completamente “compradas” falham na missão de internalizar na criança o sentimento, o significado e a real importância da festa de aniversário. 
 
Uma festa de aniversário marca. Os sentimentos devem ser reais, as pessoas devem ser queridas. Tudo o que acontece ali são lembranças que serão levadas para a vida toda. Com certeza você se recorda das suas festas de aniversário em casa e do quanto elas eram divertidas, não recorda? Compartilhe com a gente!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

E daí?

E daí? tem como objetivo problematizar a normatividade de gênero. O filme se passa em uma escola democrática, que possui como diretriz a equidade entre os gêneros. No decorrer do curta é mostrado crianças e adolescentes desempenhando papéis em que normalmente são ditos que pertencem ao gênero oposto. Como meninos cozinhando e costurando assim como meninas jogando bola e brincando de carrinho. A questão de gênero está circunscrita em um contexto mais amplo. O capitalismo desenvolveu formas de naturalizar uma sociedade desigual e hierárquica. As relações de gênero possibilitam essa hierarquização dentro do espaço doméstico, servindo deste modo para naturalizar as diferenças. Nesse contexto, uma educação emancipatória perpassa pela desnaturalização da posição da mulher na sociedade, desconstruindo o que é ser menina, adolescente e mulher adulta. Para isso as crianças te questionam: E daí?

Por Nathalia Borges Santos (2015), estudante do programa de pós graduação em Psicologia da UFG.

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