segunda-feira, 30 de maio de 2016

"Querido papai, eu vou nascer uma menina. Faça tudo o que puder para que esse não seja o maior perigo de todos."

Hoje nossa proposta é que os homens ( pais ou futuros pais)coloquem em questão, algo que muitas vezes parece muito natural  e inquestionável em suas vidas: como trato as mulheres? E minha filha, como consigo protegê-la de todos os perigos a que está exposta, exatamente por ser uma MENINA?
Temos ensinado  as crianças desde pequenas a respeitar a todos, convivendo de forma igualitária ? Acho que esse já  seria  um excelente começo de conversa.

Nessa semana em que vivemos fatos horríveis com o estupro de uma adolescente, com comportamentos machistas de quem mais deveria protegê-la  e comentários de todos os lados tentando culpabilizá-la, é hora de pensar como nossa cultura tem colaborado para a violação desse direito.
Uma cultura que no dia a dia, desde que a mulher  é ainda uma criança, diz, de diversas formas sutis que o seu corpo não é dela: é público, é mercadoria, é objeto, está a serviço dos homens e da maternidade.

Nossa cultura aplaude a comentários de meninos que desde pequenos aprendem a fazer piadinhas de  meninas e a tratá-las como inferiores e frágeis. Piadas com estereótipos surreais que divertem aos amigos desumanizando e objetificando a mulher, tudo em tom de "brincadeira". Um perigo!!!
 Enquanto as meninas vão aprendendo a "engolir sapo" durante toda a sua formação e a pensar que "vida de mulher é aquilo mesmo", que elas merecem ser desrespeitadas e aceitar desaforos e humilhações de homem. Afinal, a boa menina é aquela submissa e recatada. Aquela que serve os homens da casa ( pais e irmãos) e futuramente estará pronta para servir companheiros e filhos. Enquanto o bom menino é aquele que enfrenta, que não tem medo, que tem coragem para desafiar e conquistar tudo o que deseja. Assim as crianças vão crescendo e internalizando isso de forma natural.

Minha filha, aqui quem escreve é sua mãe, mas te prometo que farei de tudo, para te ensinar que você merece respeito e que ninguém pode abusar de um corpo que é só seu, será só você quem irá decidir o que fazer com ele. Espero que eu seja uma referência para você e que eu esteja do seu lado para te lembrar sempre que você e nenhuma mulher do mundo, em nenhuma condição, merece passar pelo que a Beatriz está passando.







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