quarta-feira, 31 de maio de 2017

Dilemas do cuidado

Em meio ao "Politicamente correto" muitas mães e cuidadores encontram-se perdidos, sendo bombardeados por diferentes receitas.
Assim, é sempre valido lembrar que não é preciso complicar o que é "simples". Apesar de não ser uma tarefa fácil, cuidar de uma criança não deve ser algo guiado por uma imposição de regras mirabolantes. 
O melhor para cada bebê deve ser considerado em respeito a singularidade de cada família, sua rotina e escolhas. Em todo caso permanece a indicação imprescindível de uma boa dose de amor, muito amor!!! Um amor cauteloso sendo o guia do cuidado...
Fonte: Mãe de 4

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Depressão pós-parto: precisamos falar sobre isso!

Mesmo depois de muito se discutir e problematizar acerca da conhecida depressão pós-parto, ainda lidamos com esse episódio com certo receio e, algumas vezes, até preconceito. O universo da maternidade tem se revestido de uma roupagem romântica, que não é capaz de abarcar todas as suas facetas. Ser mãe tem seu lado belíssimo, mas vem acompanhado de grandes dificuldades, principalmente pelo enfrentamento das novidades, mudanças na rotina, responsabilidades. E muitas mulheres se sentem inferiores por terem sentimentos diferentes daqueles "esperados" socialmente. Para estimular a manifestação de outras mães, e até mesmo conseguir lidar com os próprios sentimentos, algumas mulheres tem usado suas redes sociais para descrever suas vivências acerca da depressão pós-parto. Compartilharemos aqui um desses relatos, esperando que venha como um estímulo para que outras mães possam também começar a falar sobre isso e procurar ajuda quando for necessário.

Leiam  o depoimento da americana Kathy DiVincenzo, mãe de uma menina e de um bebê recém-nascido. Diagnosticada com depressão pós-parto, ansiedade e transtorno obssessivo compulsivo (TOC), que decidiu revelar isso ao mundo por meio de um post no Facebook:



“É grande a chance de você estar se sentindo muito desconfortável agora (confie em mim, eu também estou). Maio foi declarado o mês de consciência da depressão pós-parto. Eu, que fui diagnosticada com depressão pós-parto, ansiedade e TOC, sinto que é hora de revelar o que isso realmente significa – e não apenas o que é mostrado no Facebook.

A verdade é que ambas as imagens representam a minha vida dependendo do dia. Mas eu só comprtilharia um dessas realidades – e esse é o problema. A única coisa mais cansativa do que ter a depressão é fingir diariamente que eu não a tenho. Eu trabalho dobrado para esconder esta realidade de você porque tenho medo de te deixar desconfortável. Tenho medo que você pense que eu sou fraca, louca, uma mãe terrível, ou um milhão de coisas que minha mente me convence. E sei que não estou sozinha nesses pensamentos.

Precisamos parar de achar que o pós-parto é sempre eufórico, porque não é assim para 1 em cada 7 mulheres. Precisamos questionar os novos pais, de forma mais profunda, sobre como eles realmente se sentem, e não paenas perguntar: "e aí, como você está?" Essa pergunta gera uma resposta automática: "está tudo ótimo!" Precisamos aprender os sinais, os sintomas, os fatores de risco e planos de apoio para o pós-parto.

Precisamos quebrar o estigma e quebrar o silêncio compartilhando nossas histórias e deixando os outros saberem que não estão sozinhos. Se você teve um transtorno pós-parto, por favor, compartilhe sua história. Vamos mostrar aos outros que eles não têm que sofrer em silêncio. No caso de ninguém lhe ter dito, você está fazendo um trabalho incrível. Você é amada e você é digna. Você não está sozinha.”

quarta-feira, 24 de maio de 2017

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Resgatando a infância saudável

Em conversa com o Carta Educação, o médico pediatra Daniel Becker com 20 anos de experiência na área aborda os  principais erros que estamos cometendo contra a infância e os possíveis caminhos para solucioná-los. É uma importante possibilidade de reflexão acerca de temas cruciais para o resgate da infância saudável, mesmo em meio a um universo de consumismo, medicalização e falta de tempo.

Confiram a entrevista na íntegra:
Carta Educação: O senhor fala que, hoje, estamos diante de uma terceirização da infância. Como se dá esse processo?
Daniel Becker: A terceirização da infância acontece em todos os níveis e classes sociais, mas é mais acentuada nas classes média e alta. Os pais estão convivendo muito pouco com seus filhos. Há casais que não se preparam para tê-los, não levam em consideração que um filho ocupa muito tempo e energia, que exige dedicação. Logo, quando chega uma criança na família, sua criação acaba terceirizada em uma creche, por uma babá. Os pais acabam vendo seus filhos, muitas vezes, só na hora de dormir, fazem poucas refeições e passeios juntos, enfim, acabam tendo poucos momentos de convivência. Isso tudo é agravado pelas condições que a sociedade atual impõe: longas horas de trabalho, exigindo, inclusive, que as pessoas trabalhem fora do expediente, à distância nos seus tablets e celulares. Nas classes baixas, a situação é, muitas vezes, mais grave porque nem sempre os pais têm acesso à creche e, para trabalhar, precisam deixar seus filhos com vizinhos, cuidadores. Isso quando não precisam deixar as crianças sozinhas em casa. Nesse contexto, elas ficam totalmente confinadas porque os pais não deixam sair justamente pelas condições de violência das comunidades. Logo, ficam na televisão, nos celulares o dia inteiro.
Carta Educação: Como essa falta de convívio entre pais e filhos afeta negativamente as novas gerações?
DB: Terceirizar a educação é ruim para as crianças, é ruim para os pais. Os filhos acabam sendo educados por pessoas que, muitas vezes, compactuam com outros valores. Além disso, a criança não cria memórias afetivas em família por meio das quais se constrói a coisa mais importante para se educar alguém, a intimidade. Só na intimidade consegue-se dar limites, orientar, conversar sobre assuntos profundos quando mais velhos. Sem convivência não há intimidade e as crianças ficam aleijadas de seus pais que são as figuras guias, afetivas, mais importantes para elas.
CE: As crianças estão também cada vez mais conectadas. Sabemos que a tecnologia traz muitos benefícios, mas quais os efeitos perversos de uma infância confinada, na qual precisam ser constantemente distraídas?
DB: Costumo dizer que a tecnologia não é só inevitável, mas desejável. O mundo moderno caminha para que os aparelhos eletrônicos, principalmente, os telefones celulares sejam a base da nossa comunicação, da circulação de ideias. Mas o sobreuso é prejudicial em todos os sentidos, inclusive, para a saúde física e estudos americanos mostram que as crianças ficam, em média, de 8 a 10 horas conectadas por dia. Isso é, obviamente, muito ruim porque a vida não pode acontecer só no smartphone, tem que acontecer do lado de fora também, nas interações olho a olho.
Na verdade, as crianças migram para a tecnologia porque estão confinadas em casa. As escolas têm cada vez menos espaços abertos e livres e mais sala de aula, conteudismo. Com a energia explosiva que as crianças têm, o único jeito de domar alguém confinado é oferecendo distração permanente e, claro, aquela oferecida pelos telefones é irresistível. Só que o excesso de distração que essa tecnologia traz incapacita a criança para o ócio, para o tédio, para estar com a mente vazia, distraída criando suas próprias histórias. E é tão importante usar a imaginação, a criatividade, é assim que se treina o cérebro para ser criativo e imaginativo no futuro – habilidades muitos importantes, inclusive, para o sucesso profissional. O antídoto para isso tudo é sair de casa, ir para a rua, para a natureza e brincar livremente.
CE: Sobre a mercantilização da infância, é possível educar longe da onda consumista que nos acomete? De que maneira?
DB: A mercantilização da infância se dá, principalmente, em dois ambientes. Primeiro, no ambiente das telas. A televisão, por exemplo, veicula o pior tipo de publicidade que é aquela dirigida à infância, uma publicidade covarde, pois vale-se da incapacidade da criança de distinguir entre realidade e fantasia, usa o amor que ela tem por personagens para vender comida tóxica, brinquedos caros e desnecessários. Além disso, vende marcas da moda e modelos muitas vezes adultizados de aparência. Outro ambiente onde se dá a mercantilização da infância é o shopping, que virou o programa de fim de semana da família brasileira. Os pais levam as crianças para ficar vendo vitrines e pessoas comprando e comprando, fazendo disso o grande objetivo da vida delas. São colocadas naquelas gaiolas cheias de brinquedo enquanto os pais fazem compras, depois vão para uma loja de fast food comer comida ruim, comer doce, engordar. Nesse contexto, as crianças vão absorvendo os valores do consumismo, isto é, a hipervalorização da aparência, valores sexistas, de futilidade, do ter melhor do que o ser. Isso tudo é muito ruim para o desenvolvimento de um indivíduo humanista, antenado ao que acontece na sociedade, participativo. Então, é preciso afastar as crianças desses dois lugares, das telas e do shopping.
CE: Muitos especialistas criticam o excesso de atividades extracurriculares nas quais os pais matriculam seus filhos na ânsia de torná-los adultos mais competitivos. Como o senhor enxerga isso?
DB: Hoje, temos uma cultura que chamamos de escolarização do aprendizado. Existe uma ilusão que a criança só aprende a partir do adulto, então ela fica com a agenda cheia de programas ministrados por adultos. Com três anos, sai da natação, vai para o futebol, depois vai para a capoeira para depois ter aula de inglês. É massacrante. Nas escolas, é a mesma coisa, sai de uma aula entra em outra, não tendo tempo livre de pátio. Só que a gente está esquecendo que isso não prepara a criança para o mundo. As habilidades mais importantes para ser uma criança feliz e um adulto preparado para a vida e, portanto, também feliz são adquiridas no livre brincar, na interação livre com outras crianças e com a natureza. Daí nasce a empatia, a inteligência emocional, a capacidade de tomar decisões, de negociações, de enfrentar desafios e medos, avaliar riscos, as habilidades corporais, etc. A arte de brincar quando criança é a arte de saber viver quando adulto.
CE: O senhor também afirma que os pais passaram a colocar seus filhos em um trono. Quão importante é colocar limites e ter uma relação de autoridade com as crianças? Por que a superproteção da infância é nociva?
DB: A superproteção é consequência dessa falta de convivência, de intimidade. Os pais têm medo dos filhos, de dizer não, dos ataques de birra. Mas os pais que superprotegem impedem que a criança experimente a vida e aprenda com as experiências negativas e sabemos muito bem a importância de errar, de aprender com as frustrações, de entender que o mundo não existe para nos servir, de ter que achar nosso lugar no mundo e saber que isso envolve um processo de sofrimento, de não atendimento das nossas expectativas. Privando a criança das frustrações próprias da infância como ralar um joelho, não conseguir fazer um dever de casa, brigar com os amigos, não ganhar um brinquedo induzimos a formação de crianças narcisistas e com muita dificuldade de lidar com qualquer condição negativa. No futuro, serão adultos mais egoístas, com menos empatia e, provavelmente, infelizes. Os pais não devem se interpor entre os filhos e o mundo. É importante dizer aqui que isso é uma análise das condições sociais da infância, não uma análise para culpabilizar as famílias e que muitos desses “pecados” em pequena dose não fazem mal algum. A criança pode comer um docinho de vez em quando, só não pode comer todo dia. Uma criança que vai uma vez por mês no shopping não vai se tornar uma consumista frenética e assim por diante.
CE: O senhor diz que a medicalização da infância é o pior dos pecados que cometemos hoje contra a infância. Por que e como evitá-la?
DB: Todos esses fatores negativos que elenquei acima tornam as crianças sintomáticas. Elas começam a engordar, dormir mal, ficar birrentas, rebeldes, não prestar atenção, não assimilar o conteúdo escolar, ficar melancólicas, estressadas, mimadas. E, ao invés de tentar entender da onde vêm esses sintomas, analisar essas condições sociais da infância, temos preferido mais uma agressão à infância que é a medicalização. Nos Estados Unidos, 15% de todos os alunos do Ensino Médio estão tomando remédios psiquiátricos, isto é, um em cada seis. E como evitar a medicalização? No particular, pensando no que está acontecendo com nosso filho e, como sociedade, no que está acontecendo com a infância. Uma vez que há uma criança sintomática, existem muitas formas de ajudá-la que não envolvem remédios. Pode-se rever o convívio daquela criança com a família, reduzir o stress que ela é submetida, aumentar o tempo dela ao ar livre, buscar terapias, além de exigir políticas públicas que ajudem nesse sentido.
CE: O senhor propõe como solução mudar nossa relação com o tempo e o espaço. De que maneira? É possível falar de ocupação do espaço público com cidades cada vez mais violentas?
DB: Proponho que pelo menos 10% do nosso tempo seja dedicado aos nossos filhos. Passar uma hora, uma hora e meia convivendo por dia. Tomar o café da manhã juntos, contar uma história antes de dormir são momentos que geram intimidade, afeto, capacidade de educar. A segunda dimensão é mudar a relação com o espaço. Temos uma série de evidências mostrando como o contato com a natureza traz benefícios cognitivos, psíquicos, físicos, para o presente e para o futuro. A natureza melhora a imunidade, favorece a atenção, traz mais felicidade, melhora a memória, a capacidade de absorção de coisas que são ensinadas, favorece a empatia, a disposição física, reduz a obesidade e a insônia. Neste contexto, deve-se buscar o livre brincar. A criança deve brincar livremente com outras crianças, criar jogos, subir em árvore, correr, enfim, participar dessa festa que é a infância. As famílias podem favorecer esse contato, mas, é claro, também precisamos exigir de nossos governantes que haja espaço público para ocupar e que ele seja seguro, além de políticas públicas que nos permitam explorar espaços naturais e conviver. É minha esperança para que possamos ter cidades melhores e cidades melhores implicam em pessoas mais felizes.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Abuso Sexual Infantil

Quando o diálogo entre pais e filhos é aberto e acolhedor, o ambiente torna-se propício para que a criança possa revelar o acontecido.

É preciso estar atentos, porque a criança vítima de abuso sexual sempre vai manifestar que algo está errado com ela por meio do seu comportamento, do sono, da alimentação e do desempenho na escola. Isso ocorre em diferentes situações. Por isso, é preciso analisar o contexto. As crianças que são vítimas deste crime também podem repetir a violência que sofreram por meio de brincadeiras sexualizadas ou com outros colegas.

Quando o diálogo entre pais e filhos é aberto e acolhedor, o ambiente torna-se propício para que a criança sinta-se à vontade para revelar o abuso. Para isso, ela precisa ter consciência de que está tendo o seu direito violado.

— Se os pais não conseguem conversar e sentem receio, as crianças terão mais dificuldade de questionar e aceitar orientações — avalia a psicóloga Cristina Weber.
A maioria das crianças não tem consciência de que uma atividade sexual entre adulto e criança é errada. Quem vai ensinar isso são os pais. De acordo com a psicóloga Cristina, a educação sexual precisa deixar de ser tabu na família e na sociedade e fazer parte da vida da criança. Isso não quer dizer que os pais devem falar especificamente sobre o ato sexual ou estimulá-lo. Porém, devem orientar os filhos durante o banho ou limpeza genital, por exemplo, que ninguém pode tocá-la fora desse contexto.
— Quando a criança é pequena e tocam as genitais dela, é claro que ela vai sentir um certo prazer. Não necessariamente com fins sexuais, isso é biológico. Muitos pais se chocam quando veem a criança se masturbando e acabam a assustando também. Em vez disso, deveriam trabalhar a situação de forma natural e explicar que, apesar de ela sentir um certo prazer, não é qualquer pessoa que pode tocá-la. Na medida em que os pais tratam como uma coisa suja, a criança vai sentir-se suja também e o abusador vai jogar com isso.
A psicóloga salienta que se a criança tiver informação a ponto de entender que ela não é culpada pelas sensações que tem, mas que aquela situação entre ela e o agressor é errada, terá mais segurança em revelar a violência. A psicóloga destaca ainda que a criança deve ser tratada como vítima e nunca como responsável ou culpada pelo abuso.
Fonte: A notícia

sexta-feira, 12 de maio de 2017

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Acabem com o tormento das festas de dia das mães da escola.


Festa Do Dia Das Mães


Acabem com o tormento das festas de dia das mães da escola

POR RITA LISAUSKAS



Aproveitem e cancelem a do dia dos pais também
  
 Foto: Pixabay

Eu sei que muitas mães gostam dessa festinha, porque se lembram das celebrações de dia das mães da própria infância. As crianças ensaiavam músicas e grandes apresentações e, nessas cerimônias, entregavam os presentes às mães, que iam sempre às lágrimas. A sua adorava a homenagem e você ficava super orgulhosa em “desfilar” com ela por aí.
Mas eu preciso te contar uma coisa: enquanto eu, você e nossas mães nos sentíamos radiantes durante essa comemoração, muitas outras crianças se sentiam miseráveis. Eu não me esqueço como uma amiguinha, a Daniela, ficava sempre tensa quando chegava esse dia. A mãe dela quase nunca conseguia comparecer a essas celebrações. Era “desquitada”, como se dizia naquela época, ex-marido não queria saber da família e, por isso, trabalhava dobrado para sustentar os filhos. No dia da tal festa, o chefe não queria nem saber de liberá-la por algumas horinhas. Lembro da gente pequena, flores na mão, esperando as mães entrarem na sala de aula para uma dessas festinhas. A Daniela dizia, baixinho “se ela não vier, eu não vou perdoar, se ela não vier, não vou perdoar”. A mãe só apareceu lá pelo meio da apresentação, muito atrasada e com cara de ‘desculpa, filha’. Minha amiga já estava magoadíssima, inchada depois de verter lágrimas silenciosas para não atrapalhar a música que os colegas, alheios ao seu sofrimento, cantavam a plenos pulmões. Havia uma menina órfã de pai na mesma sala. Os pais tinham mais dificuldade em aparecer nas tais festas, e isso era considerado, mas sempre que a data chegava ela sofria ao explicar para todo mundo que o pai tinha morrido quando ela ainda era um bebê e, por isso, aquele homem tão velhinho fazendo o papel de pai nas festas era, na verdade, o avô.
Confesso que quando meu filho entrou na escolinha estranhei que, com a chegada do mês de maio, não tivesse nenhuma convocação para a festinha do dia das mães. Na sexta-feira anterior à data até recebi um presentinho na mochila – acho que algum desenho de uma mão gorducha que se imprimiu à folha de sulfite depois de mergulhada na tinta, uma coisa muito fofa. Mas festa? Nenhuma. Perguntei a razão à professora e ela me lembrou o óbvio. Nem todos os alunos têm mães, nem todos os alunos têm pais, outros têm duas mães, nenhum pai, ou dois pais, nenhuma mãe. Lembrou-me que há crianças que são cuidadas pelos avós, pelos tios, pelos padrinhos. Eu olhava ao meu redor e via que todas as crianças da classe do meu filho tinham mães e pais, mas a vida não era assim, estávamos numa bolha que, a qualquer momento, podia estourar.
E estourou, claro, a bolha sempre estoura.
Anos depois, essa mesma professora querida do meu filho morreu em um acidente de carro. A filha dela sobreviveu. Estuda na escola onde a mãe lecionava (e onde meu filho ainda estuda), lida com as lembranças doloridas de quem só perdeu pai e mãe na infância sabe quais são mas, ainda bem, não tem que lidar com o tormento da festa do dia das mães. Um menino da mesma série do meu filho perdeu o pai para uma dessas doenças que aparecem sem pedir licença. Duro? Duríssimo! Ainda bem que essa criança não tem que lidar, também, com o tormento que poderia ser a tal festa do dia dos pais. Além das mães (e dos pais) que morreram, têm que os que sumiram, os que são negligentes, os violentos. Seria justo fazer uma criança passar semanas e mais semanas na expectativa de comemorar algo que, para ela, não merece ser comemorado só para que eu, mãe da “bolha” possa ter alguns minutos de felicidade? Não, né?
Por isso muitas escolas acabaram com as tais festas do dia das mães e dos pais e instituíram o dia da família, comemorado em uma data aleatória. Nessa festa, o foco é celebrar quem cuida, acolhe e educa essa criança: são avós, tios, padrinhos, uma mãe-solo, um pai-solo, dois pais, duas mães e até, olha só, um pai e uma mãe. Em tese, toda criança tem alguém, ou várias pessoas e elas merecem ser celebradas.
Se eu fico triste por não ter festinha de dia das mães na escola do meu filho? Ora, ora, eu já sou adulta, sei lidar com  as minhas frustrações.

 Publicado em  O Estadão 
09/05/2017
 
RITA LISAUSKAS é jornalista, mãe e madrasta. Sempre trabalhou em TV: apresentou os telejornais Leitura Dinâmica, Rede TV News e foi repórter e apresentadora do Jornal da Band aos sábados. Twitter: @ritalisauskas. Facebook:https://www.facebook.com/rita.lisauskas


 

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Lições de vida!

A medida que discutimos acerca da educação das crianças, formação de professores e orientação de pais, começamos a refletir sobre a linha tênue entre ensinar e moldar, orientar e estereotipar, estimular e obrigar. Uma série de fatores são exigidos durante a escolarização da criança, potenciais a serem atingidos, projetos curriculares para cada ano da escola. Contudo, não podemos esquecer que tudo isso é pensado a partir da forma como cada criança aprende, de sua singularidade, criatividade e potencialidade. A partir dos fatores que realmente a estimulem a querer aprender e participar das atividades propostas.
 Precisamos ficar atentos ao quanto as crianças são capazes de pensar e criar a partir de suas próprias percepções e entendimentos. A mediação do adulto é fundamental, como incentivador e orientador de toda criatividade espontânea da criança e não como instrumento de normatização e castração de suas possibilidades.




sábado, 6 de maio de 2017

Obsevando as potencialidades da infância!


Hoje voltamos às nossas atividades de estágio nos Centros Municipais de Educação Infantil. 
São observações, olhares, conversas, brincadeiras, interações e relações  que nos permitem mergulhar  no universo da infância, compreendendo a importância, a singularidade e a potencialidade desse tempo de nossas vidas. 

Um olhar privilegiado da observação participante que nos permite transitar entre lugares, tempos e pessoas. 




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Foto: Internet


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