sábado, 12 de maio de 2018

“Dia das mães” ou “dia de quem cuida de mim”?



Essa semana as escolas se prepararam para homenagear as mães de seus alunos. Apresentações, lembrancinhas e muita emoção envolvem esse ambiente nesses dias.  Não tem quem não contenha as lágrimas ao ver as crianças desde tão pequenas declarando o seu amor para as mamães.
Mas já parou para pensar naquele aluno que a mãe não estará presente? Isso é real, possível e cada vez acontece com mais frequência. Não se trata de escolhas. São muitos os motivos, se considerarmos as  distintas configurações familiares ou a impossibilidade da presença das mães nesse evento. Seja por trabalho ou por uma longa distância física ou muito mais do que isso. Situações de morte, adoção por casais homossexuais, criação assumida por outros adultos ou a impossibilidade de convivência temporária com os genitores, são algumas das causas pelas quais muitas crianças acabam ficando deslocadas nessa época do ano, nas quais o público homenageado não corresponde à realidade vivida dentro de casa. É UMA FALTA, mas é A FALTA que dói, que exclui e que faz com que essa ou aquela criança não se sinta acolhida em um espaço que deveria ser para todos. Afinal, a diversidade está sendo respeitada?
Até quando vai ser assim? Ou podemos pensar em alternativas a essas situações, propondo homenagens que deem conta de incluir todas as pessoas? Que tal pensarmos em propostas mais inclusivas para receber as famílias no ambiente escolar?
Algumas escolas já vêm repensando essa proposta no Brasil e no mundo, sugerindo o “dia da família” ou o “dia de quem cuida de mim”. Nesse dia, as crianças têm a oportunidade de homenagear mães, pais, avôs, avós, irmãos, irmãs, tios, tias, padrinhos, madrinhas, babás ou quem quer que deseje convidar. Uma mudança que parece simples mas é muito significativa, visto que contempla a diversidade de cada história de vida, acolhendo diferentes formas de se viver e se relacionar afetivamente com as crianças.
Dentre várias escolas que adotaram essa mudança, a escola Estadual Professor Alvino Bittencourt, da cidade de São Paulo, há três anos não comemora o Dia das Mães ou Dia dos Pais. Em vez da celebração tradicional, a escola criou em seu calendário dois dias anuais especialmente para homenagear "Quem cuida de mim".
A vice-diretora Simone Lopes Guidorizzi conta que a ideia com o novo tema é acolher as diferentes constituições familiares:

“Percebíamos que com a chegada das tradicionais celebrações familiares aqueles alunos que não têm mais mãe ou pai ou que não podem conviver com eles ficavam muito tristes por não ter nenhum dos dois ali na plateia. Então trocamos para o Dia de Quem Cuida de Mim e todos se sentem integrados, as crianças estão mais confiantes”.

Isso não significa que não haverá mais comemorações particulares com mães e pais, porém a escola, como um espaço que abriga tantas biografias precisa ter um olhar cuidadoso ao propor o mesmo cenário para todos.

“Respeitar a pluralidade e valorizá-la no meio coletivo é muito importante para que os pequenos sintam que existe lugar para todo mundo em nossa sociedade. E isso só se torna possível a partir do encontro com as diferenças, proporcionado desde cedo para trazer o entendimento de que elas existem e nos enriquecem de muitas formas” (https://goo.gl/iS7WNn).

Afinal, 1000 mães podem estar presentes, sendo homenageadas, mas se a mãe de uma criança faltar, é como se não tivesse ninguém na plateia. Seu olhar se perde naquela multidão e tudo que ele mais queria naquele momento era ter alguém para entregar a tão preparada “lembrancinha” e poder declarar seu amor.
Independente do seu contexto familiar, que tal olharmos para a realidade do outro? Não seria hora de realizarmos mudanças que são tão pequenas para nós, mas tão significativas e fazem toda a diferença para tantos?

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