segunda-feira, 11 de junho de 2018

Corpos limitados e limitantes? Uma reflexão sobre a autonomia em crianças com Síndrome de Down

Larissa Carvalho*

   

Não é raro que a chegada de uma criança com Síndrome de Down, seja na família ou na escola, se torne fonte de angústia. Muitas das informações que circulam sobre a síndrome expressam uma limitação física que impossibilitaria todo o desenvolvimento da criança. Sendo assim, restaria aos cuidadores atuar sempre pela criança, que nunca seria capaz de agir para si. No entanto, é preciso nos perguntarmos se essas conclusões são, de fato, verdadeiras.
Vigotski nos ajuda a refletir sobre esse tema ao dizer que síndromes ou deficiências por si só não aprisionam; que é a partir das relações sociais que aparecem ou não possibilidades na aprendizagem e no desenvolvimento. Isto é, dizemos de uma limite inicial do corpo, mas dependendo do conjunto social onde está, a criança aprende novas formas de viver e se desenvolve potencialmente. Assim, mesmo apresentando a síndrome, cada pessoa a vivencia de sua maneira singular, de acordo com seus relacionamentos no ambiente familiar, escolar…
O vídeo abaixo demonstra estes diferentes modos de lidar com o mundo das pessoas com Síndrome de Down frente à diferentes relações:


Por isso, é possível e necessário falar em promoção de autonomia em crianças com Síndrome de Down. Ainda que o cuidado seja fundamental, o excesso de proteção retira possibilidades da criança de se desenvolver. Incentivar, no tempo da criança, a realizar tarefas simples, apoiando-na naquilo que se apresenta como dificuldade é essencial. Não fazer pela criança ou oferecer instruções complicadas, e sim apresentar exemplos simples e visuais são formas de buscar a independência da criança em suas atividades.
Se não há espaço para explorar as próprias necessidades, a criança não trilha os próprios caminhos, crescendo dependente, não autônoma. E isso pode trazer muito sofrimento. Não se trata de uma cobrança para que as crianças façam tudo que o esperado para a idade, uma vez que mesmo sem qualquer síndrome ou deficiência cada criança tem o seu processo próprio de aprendizagem. Na verdade, propomos pensar em autonomia como uma defesa do direito da criança com Síndrome de Down ser, em suas qualidades únicas.

Referência:

Vigostki, L. S. (2011). A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. Educação e Pesquisa, 37(4), pp. 861-870.


* Larissa Carvalho é graduanda de Psicologia (UFG) e relata um pouco de sua experiência do Estágio em Licenciatura de Psicologia, sendo realizado em um Centro Municipal de Educação Infantil de Goiânia
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