terça-feira, 3 de julho de 2018

Políticas Públicas de Educação Infantil e emancipação da mulher

Evelin Rodrigues*

Desde a infância, nós mulheres somos estimuladas a brincar com bonecas, panelinhas e tudo o que envolve cuidados com a casa. É como se estivéssemos sendo treinadas para a fase adulta: cuidar, cozinhar, lavar, passar... Como revelam os dados do IBGE divulgados em 2017, é isso o que de fato ocorre uma vez que as mulheres trabalham 8 horas a mais que os homens por semana em atividades domésticas.
Na União Soviética, enquanto os homens lutavam pelo fim da exploração de classes, mulheres feministas argumentavam que essa luta, embora importante, não era suficiente para a emancipação feminina. Assim, pensadoras como Alexandra Kollontai e Wendy Goldman nos narram a história de como as mulheres daquela região tiveram que lutar para que a responsabilidade pela educação das crianças fosse de toda a sociedade e não somente das mulheres, sendo necessária a criação de espaços para o cuidado com as crianças. Esses lugares recebiam as crianças enquanto as mães trabalhavam.
No Brasil, existe um projeto com propostas semelhantes àquelas executadas na URSS. O CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) surge para substituir as creches, se tornando mais que um espaço assistencialista, acolhendo crianças entre 0 e 5 anos e oferecendo uma educação de qualidade gratuitamente. Os responsáveis deixam a criança ainda pela manhã no local e só voltam para buscá-la no final da tarde. Ao longo do dia elas brincam, aprendem, comem, tomam banho, socializam, entre outras coisas.
As mães, que anteriormente detinham toda a responsabilidade sobre a educação dos filhos, podem agora trabalhar assim como seus parceiros e tornarem-se independentes destes. Assim, como disse Karl Marx "a libertação da mulher é condição fundamental para a emancipação de toda humanidade". Os CMEIs têm o potencial de diminuir o ciclo de violência dos homens contra as mulheres. Dessa forma, devem ser reivindicados por todos os setores da sociedade como medida de diminuição das desigualdades entre homens e mulheres.

* Evelin Rodrigues é graduanda de Psicologia (UFG) e relata um pouco de sua experiência do Estágio em Licenciatura de Psicologia, sendo realizado em um Centro Municipal de Educação Infantil de Goiânia.
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