sexta-feira, 31 de julho de 2015

Brinquedos e Brincadeiras - material para educação infantil

As aulas ainda não começaram, mas os preparativos para o novo semestre já tem reunido professores e coordenação à todo vapor. Os planejamentos para o trabalho educativo com as crianças fazem com que todos procurem novidades que despertem o interesse dos pequeninos e ao mesmo tempo possibilitem que eles aprendam e se desenvolvam. Diante disso, nada melhor que um material que nos ajude a pensar as possibilidades do brincar na educação infantil! Por isso sugerimos o livro do MEC "Brinquedos e brincadeiras" O arquivo pode ser baixado neste link: http://186.202.127.101/~klc/apoio/Brinquedos%20e%20Brincadeiras%20-%20MEC.pdf

Brinquedos e Brincadeiras – Trata-se de um documento técnico com a finalidade de orientar professoras, educadoras e gestores na seleção, organização e uso de brinquedos, materiais e brincadeiras para creches, apontando formas de organizar espaço, tipos de atividades, conteúdos, diversidade de materiais que no conjunto constroem valores para uma educação infantil de qualidade.

O presente documento foi elaborado pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Básica, visando atender ao estabelecido na Emenda Constitucional nº 59 que determinou o atendimento ao educando em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde e contou com a parceria do UNICEF




quarta-feira, 29 de julho de 2015

Direitos da Criança

Esse post tem um sabor muito especial. Afinal, de tanto ver a mãe trabalhando neste projeto e tentando entender do que se tratava, Berta correu na mochila da escola, abriu uma página do seu livro e disse " Acho que esse texto você vai ter que postar, mãe. É a cara do "Criança em Questão", todo mundo precisa conhecer esses direitos!."
Como não postar?

segunda-feira, 27 de julho de 2015

A criança ideal?!



Através desta charge é possível refletir o processo de normatização e patologização das diferenças que ocorre na educação, em que as crianças são rigidamente rotuladas e marginalizadas muitas das vezes por causa de suas características singulares. Avaliamos e julgamos essas crianças de acordo com os nossos parâmetros pessoais, como se realmente houvesse um modelo daquilo que é “normal”. Este mal que assola a educação não é um processo isolado, mas é constituído pela lógica excessivamente médica que se instaurou na cultura de nossa sociedade: o que é diferente ou foge à norma é visto como patológico e precisa ser tratado.
A sociedade reforça tais atitudes estabelecendo, ainda que implicitamente, padrões ideais: o aluno ideal, a família ideal, o profissional ideal, etc. E afinal, eles existem? Onde e de acordo com quem? No ideal de perfeição, as diferenças são cruelmente tolhidas, transformadas em transtornos ou utilizadas como a matéria-prima para o bullying. Famílias e educadores lidam com as crianças como se os pequeninos fossem uma massinha de modelar e o molde perfeito fosse o nosso.
Uma criança que não é compreendida em sua singularidade tem seus potenciais reprimidos, pois é desvalorizada no reconhecimento de suas capacidades e limitações pessoais. Não ignoramos a necessidade de tratamento para problemas, sejam eles emocionais ou físicos, desde que estes sejam reais, no sentido de que são válidos no sofrimento próprio da criança, como os problemas neurológicos, deficiências das mais diversas ou transtornos emocionais. O que se deve refutar é a lógica de se tornar patológico aquilo que é apenas singular. Que seja o mais tímido ou o mais extrovertido, o mais hábil ou o mais lento, o organizado e o bagunçado... o importante é saber que diferenças existem e que são preciosidades, não doenças!
Por Stéfany Bruna

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O fantástico mundo virtual das férias!


Estamos no mês das férias! Momento de alegria e diversão... Mas não pra todo mundo! 
Muitos pais ficam enlouquecidos com as crianças dentro de casa, demandando atenção, programação diferenciada, visitas a parques, cinemas... e muitas vezes acabam apelando para alguns recursos, que ajudam em muitos momentos, mas que não podem ser encarados como a solução para tudo. Nesse caso estamos dizendo do uso exagerado da televisão, dos jogos nos tablets, do vídeo game, recursos que se difundiram tanto no mundo infantil que parecem ser a única opção viável de se viver a infância! 
Vale a pena refletirmos como nós estamos oferecendo a tecnologia, o mundo virtual e a ficção para nossos filhos! É um recurso como todos os outros ou é como uma chupeta dada para que a criança fique quieta?

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Playground: retratando a hora do recreio ao redor do mundo

Trim trim trim triiiiiim! O sino tocou. A hora do recreio chegou... no mundo afora! 
Incrível o trabalho do fotógrafo James Mollison que percorreu todo o planeta registrando as crianças se divertindo durante o recreio. Sua galeria de fotos nos mostra a diferença de climas, de condições escolares e da densidade dos alunos por escola. O projeto é intitulado Playground e sucessor de “Where Children Sleep”. Vale a pena conferir as infâncias nas diferentes culturas e parar para pensar como anda o tempo livre em nossas escolas.

Belén, Cisjordania

Chuquisaca, Bolívia

Gaza, Gaza

Guangzhou, China

Gujarat, Índia

Hidalgo, México

Inglewood, California

Inglewood, California

Katmandou, Nepal

Katmandou, Nepal

Londres, UK

Cidade do México, México

Moscou, Rússia

Murano, Veneza

Nairobi, Kenia

Nairobi, Kenia

Palm Loop, Montserrat

Qingyuan, China

Tel Aviv, Israel

Thimphu, Butão

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Que lindo seria se nós pudéssemos ensinar a nossas crianças que é preciso esperar

Esse texto da Caroline Delboni para o Brasil Post me pegou em cheio e me fez pensar muito sobre que referência eu tenho sido aos meus filhos. Afinal, como posso pedir para eles saberem esperar enquanto eu tenho vivido sempre com tanta pressa?


Criança não espera. Elas enlouquecem a gente até que cedemos e damos algo, literalmente, pra que fiquem quietas. Mas nós adultos já aprendemos a esperar (e aprendemos quando criança). Hoje, nossa espera é vivida. A deles é com o iPad ou a TV na cara ligada - e com som ainda. Pais não sentam mais a mesa num restaurante sem que antes já liguem o desenho para a criança. Muitas vezes colocam o iPad dentro do prato.
Simbolicamente, estão trocando os alimentos. Alimentar uma criança com comida é alimentá-la com amor e de amor. Alimentá-la com imagens e sons de iPad é alimentá-las de impaciência, falta de respeito, falta de dialogo, falta de interação e principalmente, falta de tédio. Porque pode ser extremamente tedioso ficar a mesa "sem fazer nada" esperando a comida chegar. Mas é nessa espera que aprendemos a transformar tédio em algo maior como a conversa com os pais.
Recentemente saiu uma entrevista muito interessante no R7 (que repercutiu pacas em sites e blogs), onde a médica fonoaudióloga carioca Maria Lúcia Novaes Menezes fala da quantidade assustadora de crianças que têm recebido em seu consultório com a queixa de não se comunicarem por volta dos 2/3 anos de idade. Ela diz que em 80% dos casos a criança simplesmente não fala porque não recebe estímulos dos pais. Porque não existe dialogo, não existe troca. Existem ipads nas mesas dos restaurantes e com isso crianças que crescem mudas e sem a capacidade de aprender a esperar.
Aparentemente, tentar agradar toda hora (ou muitas vezes temer o próprio filho) é o primeiro passo pra rejeição. Você tira dele a possiblidade de fazer ninhos, fazer laços. A criança se isola primeiro dos pais e logo mais do restante da família e até mesmo dos amigos. Ela perde, aos poucos, a capacidade de se relacionar e se comunicar. Acredite se quiser, tudo isso porque interrompemos o processo da espera. Porque estamos sempre ansiosos para preencher o tempo de nossos filhos e não deixa-los entediados. Etimologicamente, o verbo "esperar" vem de "esperança" que significa contar com, confiar em. Quando a criança espera e tem pais ao lado dela reafirmando a necessidade da espera, ela ganha confiança. E um pouquinho de tédio não mata ninguém ;)
Ah, a espera.... Que lindo seria se nós pudéssemos ensinar a nossas crianças que é preciso esperar as pessoas saírem do elevador antes de nós entrarmos, que é preciso esperar os que estão na nossa frente para chegar nossa vez, que é preciso esperar todos terminarem na mesa para poder levantar, que é preciso esperar crescer para ter o que se quer... Que é preciso aprender a esperar para respeitar o próximo, para convivermos, minimamente, melhor num mundo onde não existe mais o outro porque o "eu" é tão imediatista que se eu não suprir minhas vontades já eu morro. Daí ensinamos nossas crianças que o outro não importa, que conseguimos fácil e rápido tudo que queremos com um gritar, com um chilique. Tiramos a espera e junto tiramos a possibilidade da conquista. Ganhar de mão beijada não tem graça. Logo a criança encosta e pede outro e a insatisfação vai crescer. E para suprir será cada mais difícil.
A espera gera expectativa do que está por vir. Espera gera respeito, gera noção do próximo, gera dialogo, gera estímulos, gera confiança, gera amizades e, com certeza, gera um mundo melhor. Desculpem a frase feita, mas é isso mesmo: crianças que aprenderem a esperar vão aprender a viver em sociedade e na sociedade. Como parte dela e não no centro dela. Requisito básico para um futuro que todos queremos.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pais...

Pais...
Pais amparam, dão continência, carregam-nos no colo, nos guiam com as mãos. Acolhem nossa errância, dão-nos norte, limites, ordem e ordens.
O tempo passa e o mundo cresce em nós. Com ele os anseios, os desejos e famosa “vontade própria”. E como equilibristas na corda bamba ficam os pais: entre a regra e a transgressão, o limite e a liberdade, o respeito e a imposição.
Há que se entender que se um dia fomos guiados, um dia queremos guiar. Pensando nisto está o desafio dos contratos criar. Pais com os filhos na relação explicitam as escolhas e suas consequências. O filho inevitavelmente cresceu. De mãos sempre dadas aos pais não estará mais.
A condução começa a ser dele. E neste árduo processo os pais compreendem que resta a eles estar no acostamento... frisando, como viajantes experientes, os percalços da estrada; os desafios e prazeres da condução. E assim, apenas desejar uma boa viagem na certeza de que o que foi dito permanece... como um eterno guia!
Por Stéfany Bruna

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A lógica de se enquadrar

É preciso reconhecer a singularidade de cada criança, sua forma de pensar e compreender o mundo, estar atento às suas necessidades e desejos! Assim, construímos uma relação de respeito e reciprocidade, onde a criança encontra um espaço propício para aprender e se desenvolver...
Mas será que nós - que nos dispomos a participar da educação das crianças - no nosso dia-a-dia, não estamos fazendo exatamente o mesmo que a senhora da charge?
Vamos refletir!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Você ensina seu filho a incluir ou a odiar?

Diante dos lamentáveis ataques racistas à repórter do JN, Maria Júlia Coutinho, se faz urgente pensarmos o que temos ensinado às nossas crianças . Estamos ensinando a negar as diferenças ou a respeitá-las e acolhê-las? A respeito disso, a Cientista que virou mãe escreveu um belíssimo texto que nos convida a refletir sobre as crianças que estamos criando!
"Que tipo de filho e filha você quer criar? Alguém que veja beleza e amor nas diferenças ou alguém cheio de ódio? Mais uma vez, a escolha é sua. Não se abstenha dela."
#somostodosmaju.




Todo mundo que tem filhas ou filhos, e mesmo quem não tem mas convive muito com crianças, sabe: toda criança reage ao que é diferente. Se nós, adultos, dotados de capacidade de análise e reflexão, reagimos às diferenças, imagine as crianças...
Diferente de que? Diferente de si, do que é mais comum no meio em que vive, daquilo que vê com mais frequência.
Por estarem ainda em desenvolvimento - cerebral, emocional, cognitivo - muitas vezes as crianças ainda não conseguem frear sua curiosidade natural, bloquear um comentário ou esconder o que pensam - a tal espontaneidade infantil. Ao contrário do que muitos acham, isso não é ruim. Isso é muito bom. E aí está uma das riquezas da infância: agir tal e qual se pensa. Conforme a vida vai passando, vamos aprendendo estratégias e adquirindo ferramentas para "driblar" essa tal espontaneidade e chamamos isso de "viver em sociedade". Mas penso que, muitas vezes, também se transforma em "viver uma grande hipocrisia". Criamos máscaras. Dissimulamos. Criamos palavras que confundem, damos a impressão de que estamos sendo bacanas quando na verdade estamos apenas acobertando uma outra opinião. Aprendemos a mascarar o que de fato pensamos.

Muita gente acha que essa espontaneidade e curiosidade natural das crianças, que emerge do reconhecimento do que é diferente de si e dos com quem se convive, é terrível e precisa ser cerceada desde cedo, pois nos coloca tantas e tantas vezes em saias justíssimas.
Eu discordo totalmente. Não precisa ser assim. Não deveria ser assim.
Pois é justamente nesses momentos que reside a imensa riqueza de se orientar uma criança pelo caminho da empatia. De abrir para ela as portas da aceitação, do acolhimento e da inclusão. De iniciá-la nos caminhos da equidade. E aí está um ponto importantíssimo: não da IGUALDADE, mas sim da EQUIDADE. Do reconhecimento de que todos somos diferentes. Todos. E que, ainda assim, temos direitos iguais. Direito de ir e vir. De viver uma vida plena. De amarmos. De sermos respeitados. Cada um segundo sua diferença. E que diferença é o que nos torna ricos. Ser diferente de você é o que, também, me aproxima de você, pois somos iguais nisso, na diferença.

Tenho vivido isso na prática desde que me tornei mãe de uma criança questionadora e que pergunta sobre tudo o que vê. Não crio mentiras. Não trabalho com dissimulações. Não crio segundas explicações para o que de fato está acontecendo. Fiz isso uma única vez, quando nosso gatinho - por quem ela era completamente apaixonada - morreu vítima do ataque de um cachorro que mora em nossa rua. Não banquei a decisão de contar para ela, então com 3 anos, que seu Haroldo havia morrido. Não consegui. Disse que os gatos gostam mais de viver na rua e, portanto, era para a rua que ele havia ido. Arrependi-me para sempre... Na verdade, ela já sabe que ele morreu, porque seu melhor amigo, amigo desde seu nascimento, já contou: "Claclá, o Haroldo morreu, Claclá...". Eu ouvi a conversa. Ela argumentou que ele estava na rua e seu amigo disse que não. E eu passei por mentirosa - o que de fato fui. E ela, tão nobre, ainda me poupa do confronto com minha mentira... Não contradiz quando eu digo que ele está na rua. E eu passo por ainda mais tola, para minha imensa, gigantesca vergonha... Por uma ironia da vida, alguns meses depois ela perdeu seu avô querido, meu pai. Aprendida a lição, decidi que contaria para ela a verdade. Com carinho, com amor, com palavras de acordo com o entendimento que sua idade permite, mas contaria. Filhos merecem a verdade. Logo após a morte do avô, ela presenciou uma forte crise de choro minha. Daquelas fruto do desespero de se perder alguém muito amado inesperadamente. Não pedi para alguém levá-la embora ou apartá-la de mim. Não me escondi. Não bloqueei. Ao contrário. Pedi que a trouxessem até o quarto, para que ela entendesse, para que eu contasse, com amor, carinho e respeito. Seu pai a trouxe até mim. E então eu disse: "Filha, mamãe está chorando porque estou muito triste". Ela: "Está triste porque o vovô morreu, mamãe?". Eu não havia dito. Ninguém havia dito. Mas crianças aprendem ouvindo os adultos até quando os adultos se acham muito espertões em dissimular. "Sim, filha, porque o vovô morreu". "Tudo bem, mamãe. Eu vou ficar aqui com você". E então dormimos juntas a tarde inteira...

Sabe... Às vezes nos falta humildade para  reconhecer a sabedoria da infância. Nesse mundo de adultismos, onde as crianças são tomadas como pequenos seres ignorantes que precisam ser adestrados, não se percebe que muitas vezes é ali que se encontra a sabedoria, o discernimento, a simplicidade, que advêm de não se estar viciado na hipocrisia do mundo dito "adulto".
Nessas oportunidades, quando contamos a verdade com amor, quando os respeitamos por conversar sobre a vida real, ensinamos mais que lidar com a verdade.
Ensinamos que somos confiáveis. Que ali há uma pessoa em quem se pode acreditar.
E também ensinamos respeito às diferenças, empatia, acolhimento e inclusão.
Vejam.

Quando uma criança de pele branca, que vive com crianças de pele branca, em uma família de pele branca, encontra uma pessoa de pele negra, ela poderá, sim, reagir à diferença (e pego o exemplo nesse sentido, do branco para o negro, porque afinal é nesse sentido que repousa toda a opressão de uma história de preconceito nesse país...). E essa reação é no sentido de: " Opa! É diferente de mim. É diferente da minha mãe, do meu pai, dos meus tios", enfim, das pessoas com quem convivo. Mas essa reação ao que é diferente de si não implica em um juízo de valor, entende? Ela não está dizendo: "Opa! Essa pessoa é menos que eu".

Portanto, se um dia essa criança fizer um juízo de valor a partir de uma simples diferença, foi porque APRENDEU a fazer. Porque, na hora do direcionamento e da explicação de uma dúvida de criança, um adulto que - sim - atribui juízo de valor a uma diferença de cor de pele, transmite esse desvalor à criança.
Notem a diferença:

- Mãe, ele é escuro.
- Sim, filha, a pele dele é mais escura que a sua e a minha, mas é da mesma cor que a de muitas outras pessoas.
- Nossa pele, então, é mais clara?
- Sim, nossa pele é mais clara, ou a dele que é mais escura, não importa. Pergunte o nome dele.
ou

- Mãe, ele é escuro?
- Para, filha! Não fala nada, fica quieta, mamãe te explica em casa.

Por que não lidar com naturalidade com aquilo que é natural? Diferenças não são valores! São apenas diferenças. No primeiro caso, trabalhou-se com a realidade, e a explicação que se dá pode ser aprofundada de acordo com a idade da criança. Não é preciso explicar isso em voz baixa, como demonstrando vergonha pela pergunta que a criança fez, como se fosse um segredo, como tanta gente faz. Não há vergonha em termos cores de pele diferentes. No segundo caso, fica muito claro que há um julgamento de valor. Tanto que a pessoa não se sente à vontade sequer para explicar a diferença na frente da outra pessoa.
Mais um exemplo:

- Pai, elas moram juntas?
- Sim, filha, moram juntas.
-  Como você, a mamãe e eu?
- Sim, como eu, mamãe e você.
- Elas são um casal?
- Sim, são um casal.
- São  namoradas?
- Sim, são namoradas.
- Elas se amam? (afinal, aprendeu-se que casais e namoradxs se amam, não é?)
- Sim, elas se amam.
- Que bom, né?
- Sim. Muito bom. Amor é uma coisa boa.

Tratar com naturalidade aquilo que é natural. E quer você queira ou não, nada mais natural que o amor. Não importa entre quem. Amor é amor e é por mais amor que todos lutam desde que o tempo é tempo. Outro dia li uma frase incrível no Facebook: "Abominam os homossexuais dizendo que isso não é natural. Claro. Porque o que é muito natural é transformar água em vinho, multiplicar pão e peixe e andar sobre a água. Super natural, faço isso todo dia". Esse é o tom da coisa. Chega a ser caricato.
Notem a diferença:

- Pai, elas são namoradas?
- Cale a boca, menin@. Em casa a gente conversa.

O que há no interior dessas casas, desses lares, que não pode ser conversado fora deles? Seria esse o reconhecimento ainda que inconsciente de que se é limitado e se vive segundo orientações bastante rígidas, artificiais, baseadas em ódio, discriminação e preconceito?

Parece bem óbvia a consequência dessas duas formas de se educar. Quando se educa com empatia, voltado para a promoção do respeito, pensando em criar seres humanos para o bem, para o amor, para uma coletividade menos violenta, mais acolhedora e inclusiva, as diferenças são naturais e naturalizadas e sobre elas conversamos muito abertamente com as crianças. Explicamos. Damos exemplos. Aproximamos de nossa realidade. Trazemos a situação para dentro de casa. Mostramos tudo em termos de respeito a essa imensa e rica diversidade que a vida nos proporcionou e sem a qual não teríamos triunfado como espécie biológica. Se bem que nem acho que triunfamos... Veja bem ao seu redor a quantidade de ódio que existe. Esse é o triunfo do bem sobre o mal? Obviamente que não. Isso é O MAL. Ele purinho. Se há de fato um anticristo, ei-lo: no interior de cada pessoa que propaga o ódio às diferenças. Esse sim é o mal que pode disseminar a morte, a tristeza e toda espécie de praga.
Negar as diferenças entre as pessoas ao invés de ensinar a respeitá-las e acolhê-las é o cerne de muitas doenças sociais: a medicalização da infância e da vida em geral, homofobia, discriminação de gênero, de cor de pele, de lugar onde se nasce e vive, bullying, entre outros.
Que tipo de filho e filha você quer criar?
Alguém que veja beleza e amor nas diferenças ou alguém cheio de ódio?
Mais uma vez, a escolha é sua.
Não se abstenha dela.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

As dores e delícias de ser o que é!

Tendemos a introjetar as críticas que nos fazem, os defeitos que são apontados em nós. Deixamos que nos façam acreditar que nossas dificuldades nos tornam menores, inferiores aos outros.
Sim, nós adultos fazemos isso!
Agora imaginem só como isso acontece na experiência de uma criança, que na relação com o outro caminha em direção a seu processo de formação de identidade!
Por isso propomos que sejamos o tipo de relação que fortalece as nossas crianças, que as confirme em suas potencialidades e dificuldades, sem classificá-las em "bom" ou "ruim".
Que elas possam entender que todos esses aspectos são fundamentais para serem quem são, diferentes de qualquer outro no mundo. E assim, cada vez mais elas terão condições de encarar as críticas e depreciações de uma forma mais saudável!

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Temos nosso próprio tempo

Em um mundo onde os "deverias" se sobrepõem às verdadeiras necessidades das crianças, torna-se um refrigério ler textos como esse do Uma vez mamífera.

Uma bela reflexão sobre o tempo singular de cada um, confiram!


Bebês devem sentar com seis meses. Bebês devem engatinhar com oito meses. Bebês devem andar com um ano. Bebês devem começar a falar com um ano e meio. Crianças devem ser alfabetizadas aos cinco anos. E daí por diante.
Quadrados. Escaninhos fechados, etiquetas que colamos nas crianças sem olhar para elas pelo que são: indivíduos únicos, especiais, cada um dotado de possibilidades e limitações que só dizem respeito a si mesmos.
O tempo é matéria moldável. Não existe um tempo único para fazer as coisas sob o sol. Há o meu tempo, há o seu tempo, há o tempo de cada criança para abrir os olhos para as coisas do mundo. Se a gente respeita, espera, aguarda, observa, as coisas acontecem.
A criança sentará, engatinhará, andará, comerá, falará, lerá e escreverá em um tempo que é só seu. Não pertence a nós, pais e cuidadores. Pertence a ela, a criança. É único. Não aceita condução. A condução é uma violência.
Não falo obviamente de patologias, estas exigem atenção e cuidado pontual, que um cuidador atento estará pronto para oferecer, se necessário. Falo daquilo que muda conforme aquilo que somos, da forma incomparável que temos, cada um de nós, para fazer as coisas, para ver e viver a vida. Falo daquilo que nos torna pessoas.
A criança é aquilo que é. Faz as coisas a seu tempo, absorve o mundo a seu modo, e a nós cabe um olhar respeitoso, de acolhimento, um olhar que não julga, apenas compreende e aceita que a criança é como é.
Quando seu filho for um adulto, fará diferença ter começado a engatinhar aos seis meses, ou aos oito, ou com um ano? Será importante ter começado a andar com um ano, ou um ano e meio, ou um ano e nove meses? Terá algum peso ter começado a ler com quatro anos, ou com seis, ou com oito? Certamente que não.
O que fará toda a diferença será aquilo que ele terá guardado (ou não) dentro de si: a sensação doce e acolhedora de ter sido olhado, respeitado, compreendido e aceito em sua integridade, com todos os seus poréns, com suas dificuldades e talentos próprios, com tudo aquilo que lhe caracteriza como alguém único no mundo, sem prestar-se a comparações com quem quer que seja.
Isso é o que fará dele uma pessoa feliz. O resto, é acessório.
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