segunda-feira, 25 de março de 2019

"A momo tem medo de menino que brinca de bola no quintal"


Este texto oportuno e elucidativo está dirigido aos pais, aos professores, a todos aqueles que cuidam de crianças. Assim como, também, dirigido para todas as crianças. As informações que ele contém são excelentes para pensarmos sobre esse tema (também, nos fornece ideias de como tratá-lo), assunto cujo objetivo é a tentativa de provocar, entre as crianças, atos malignos contra si próprias.

Agora passo a digitar o texto que figura na imagem a seguir:


“A Momo tem medo de menino que brinca de jogar bola no quintal. A Momo se assusta com quem se suja de terra, joga (não entendi), peteca, peão e anda de skate. A Momo não sai no sol! 
Ela gosta da solidão escura do quarto, do canto abandonado da sala, da tela fria de led. Ela abraça crianças abandonadas. 
Menino que corre rápido e sobe em pé de fruta ela nunca vai pegar! 
Não tenham medo crianças! Vamos, não tenham medo, o céu é o nosso limite e a gente pode escalar o arco-íris”. 



(Não identifiquei o autor).


Fonte: Centro Lydia Coriat

Os videogames são culpados pela violência?

Por Alexandre Doia



Os videogames são culpados pela violência?

A tragédia de Suzano traz à tona uma polêmica discussão que envolve os jogos eletrônicos e a violência. Diante desse ato que nos choca, investigações realizadas revelaram a estreita relação dos jovens com jogos que apresentam conteúdos violentos. Alguns afirmam a proximidade de seus trajes e objetos carregados com aquilo que é visto nas telas. É importante analisar essas questões de uma forma ampla, e não reduzir as discussões em apenas um objeto. Seriam os jogos eletrônicos um ponto fundamental que culminou nessas ações?
Temos que considerar que os conteúdos presentes nos videogames, assim como em outras diversas mídias do entretenimento que consumimos diariamente, são informações que são transmitidas e necessitam passar por um processo de elaboração do conhecimento. A pessoa que tem contato com esses temas necessitará organizar e refletir sobre aquilo que é visto. É inegável que esses meios reproduzem nossa realidade e as condições nela presentes, mesmo que sejam de forma fantasiosa.  Essas imagens carregam informações e ressoam em nosso psiquismo, isto é, tem repercussão em seu público e apresentam consequências. Isso gera uma tensão quando pensamos que as pessoas podem tomar para si aquilo que veem constantemente.
Isso nos leva a pensar na violência de nossa sociedade que se apresenta de forma sistêmica, rotineira, banalizada e muitas vezes revestida de entretenimento. Essa violência, quando transmitida ou mesmo utilizada para fins de lazer (filmes, jogos, seriados, programas, entre outros) captam nossa atenção e atraem um vasto público. Quando são sentidas na pele, viram um ponto chave de debates que envolvem as condições de nossas vidas. O medo que se instaura frente a um cotidiano que constantemente coloca em risco nossa segurança abre um campo para diversas atitudes e pensamentos a respeito da resolução desses problemas, que muitas vezes podem ser extremadas ou desesperadoras.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, em que os jovens já nascem inseridos nessas condições, o real e o virtual se encontram. Essa virtualidade não é uma ausência, mas se revela como uma forma de escape para a problemática que é vivida na pele. Em um mundo onde as condições de vida não trazem prazer, onde a insegurança e a imprevisibilidade fazem parte de nossas vidas, o virtual abre porta para que nossos desejos possam ser realizados e controlados. Os jogos eletrônicos tornam-se uma das formas para a vazão de muitos sentimentos que temos nessas condições que vivemos. Esse virtual abre possibilidade para realizarmos aquilo que muitas vezes é proibido ou bárbaro frente às regras de nossa sociedade. Os jogos muitas vezes não se prendem em certos aspectos éticos e morais. Tornam-se atrativos e acabam por absorver seus jogadores que vivem constantemente essa outra ambientação. Isso pode levar a uma dificuldade de fomentar um sentimento próprio, um laço com a realidade e a formação de vínculos afetivos com as pessoas à sua volta.
Precisamos levar em consideração a questão mercadológica e pensar a razão desses tipos de jogos ocuparem as posições dos mais vendidos. A sua demanda revela algo daqueles que jogam e que encontram prazer nessa fantasia virtualizada. A reflexão é algo que não se faz presente no conteúdo dos jogos, mas tornam-se elementos que contribuem para o afastamento de situações desagradáveis presentes na realidade devido ao seu caráter lúdico e recreativo. Esse contato com o real permitiria uma crítica sobre a realidade, porém, essa fuga é incitada por diversos meios de comunicação e pela própria estrutura do jogo, que incentiva a prática e recompensa o jogador. Nessa perspectiva, o contexto da sociedade permanece inalterado, assim como suas condições.
O grande sucesso diante o seu público evidencia a força de atuação que esse meio do entretenimento possui e a potencialidade que carrega. Não se pode negar como os jogos eletrônicos fascinam as pessoas e podem desenvolver inúmeras habilidades em seus utilizadores. Contudo, assim como em outras mídias que a todo momento estamos em contato, devemos questionar a banalização de seus conteúdos e não tratá-los em uma suposta neutralidade.
Mas, diante dessa imersão vivida coletivamente (nos jogos, em redes sociais, aplicativos e afins) e dependendo do grau em que isso acontece, o afastamento dessa virtualização é necessária quando se volta a ter um contato com as condições que estão inseridos. A realidade não pode perder o seu sentido. A frieza não pode ser algo que faça parte da constituição das pessoas. Aqueles com quem nos relacionamos não podem virar “algo”, uma “coisa” que não faça diferença em nossa existência. A nossa vida só faz sentido com a presença dos outros e por meio das respectivas relações que estabelecemos com eles.  O questionamento frente a todo esse cenário de violência se faz imprescindível, e quando pensamos em crianças e adolescentes, o papel de uma outra pessoa que as faça refletir sobre aquilo que constantemente estão consumindo é de fundamental importância.
E, ao final, se voltarmos para as discussões iniciais, veremos que a todo momento o problema se volta para um âmbito muito maior no qual os jogos podem ser apenas uma das formas, dentre várias, para que esses processos sejam acentuados. Não é uma culpabilização dos mesmos, mas sim refletir a forma como estão sendo empregados em nossa sociedade, pois os jogos podem ser muito benéficos quando utilizados de uma maneira que não fomentem apenas a violência.

* Alexandre Crispim Pires Doia (Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás - PPGP/UFG (2017). Graduado em Psicologia, bacharel (especifico da profissão) e licenciatura, pela Universidade Federal de Goiás (2013). Professor substituto de Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG)

domingo, 24 de março de 2019

A emoção na sala de aula: o que cabe ao professor?

 Por Soraya Santos e Jordana Balduíno


A emoção na sala de aula: o que cabe ao professor?


Emoções não podem ser ignoradas e são importantes para a evolução da inteligência, mas sala de aula não é consultório

Falar de emoção na sala de aula é sempre intrigante, pois existem diferentes perspectivas para abordar o tema. Alguns professores acham que esse assunto não é para ser tratado na escola: lá seria um lugar de conhecimento, em que a afetividade estaria em segundo plano e somente o aspecto cognitivo seria relevante. Por outro lado, existem profissionais que dão tanta ênfase ao aspecto afetivo, como se todos os problemas emocionais pudessem ser tratados na sala de aula. Este é um tema controverso, mas, seguramente, pode-se afirmar que nenhum desses extremos é capaz de apreender a questão em sua totalidade. Aliás, como em quase tudo na área da Educação, respostas dicotômicas são apenas parciais. Não se trata de discutir se a emoção deve ou não estar na escola, porque ela já está, mas também não se pode concluir que a escola consiga solucionar todos os problemas no âmbito afetivo, porque ela não pode.

Segundo a psicologia de Henri Wallon, o homem é um ser completo, isto é, expressa domínios da cognição, da afetividade e do movimento, sendo que esses domínios se influenciam, e em cada momento do desenvolvimento da criança, há a predominância de um desses aspectos. 

Por isso, não é possível que dentro da escola as emoções sejam ignoradas. Ao entrar na sala de aula, o professor não pode pedir: “Caro aluno, vou fechar a porta, por favor, deixe do lado de fora suas emoções, sentimentos, paixões...”. Nem mesmo o professor pode despir-se de suas manifestações afetivas quando está lecionando. No entanto, é evidente que o educador tem (ou deveria ter) condições de racionalizar muito mais suas próprias emoções do que o aluno. E, mais do que isso, de compreender as manifestações afetivas deles, ajudando-os no seu desenvolvimento.

Para Henri Wallon, esse entendimento de que as emoções nos constituem, que não podem ser ignoradas e de que, na verdade, são importantes para a própria evolução da inteligência, revela a necessidade de que o professor seja bem preparado para o ato de ensinar.

Assim, se as emoções estão na sala de aula, ao mesmo tempo em que não são o foco central do ato educativo, o que cabe ao professor? Essencialmente, conhecer e respeitar o aluno. Conhecer significa, antes de tudo, entender o desenvolvimento da criança, compreender que cada etapa tem uma função e que a própria criança deve ser sua referência, evitando-se assim as comparações e favorecendo o atendimento às necessidades de cada aluno.
De acordo com Laurinda Ramalho de Almeida, “é responsabilidade do adulto, e principalmente do educador, adequar o meio escolar às possibilidades e necessidades infantis do momento”. Ao conhecer o aluno o professor torna sua ação psicológica, uma vez que, para Henri Wallon, “a orientação do ensino torna-se psicológica a partir do momento em que ele pretende adaptar-se ao espírito e à natureza da criança”.

Mas, além de conhecer a criança, a perspectiva de Wallon nos leva também ao entendimento de que é preciso que o professor aprenda a respeitar o aluno. Laurinda Ramalho de Almeira explora esta questão e sintetiza essa ideia afirmando que o fundamento do trabalho do professor é o respeito pelo aluno. Segundo a autora, respeitar o aluno significa:
  • aceitá-lo no ponto em que está, conhecê-lo em sua etapa de formação e conhecer os meios em que ele possa desenvolver suas ações;
  • não impor limites a seu desenvolvimento;
  • oferecer outros meios e grupos para que ele possa desenvolver suas ações;
  • aceitar que a Educação é uma relação evolutiva, que vai se transformando e tende para a autonomia, para o ponto em que o aluno não precisa mais do professor.
Isso só será possível se o professor assumir sua função de observador atento da criança. Assim, a autora afirma que “o professor precisa ser um arguto, lúcido, constante observador de seu aluno. Observador da criança como uma pessoa completa, integrada, contextualizada; observador da criança em cada um de seus domínios funcionais”. Mas, ao observar e demonstrar interesse pelo aluno, o professor pode vir a se deparar com questões afetivas que extrapolam suas possibilidades de intervenção. Nesse momento, é preciso reconhecer os limites de sua atuação e contar com um serviço multidisciplinar que possa apoiar a criança nas suas necessidades. A parceria com a família é fundamental e podem ser necessários encaminhamentos específicos, para os quais a escola precisa estar preparada. 

Nas situações, entretanto, do dia a dia da sala de aula, em que caberá ao professor lidar com as mais diversas manifestações afetivas do conjunto dos alunos e não apenas de uma criança, vale ressaltar a importância de conhecer alguns aspectos das emoções como, por exemplo, o fato de que são contagiosas. Wallon refere-se a isso em muitos de seus trabalhos e Laurinda Ramalho de Almeida reitera que, dentro do ambiente escolar, muitas vezes esse contágio leva a um “circuito vicioso”, no qual uma determinada emoção se expressa em uma criança, logo também em outra criança e, muitas vezes também, por fim, no próprio professor. Por exemplo: uma criança pequena chorando logo contamina os colegas com seu choro, assim como uma criança maior pode contaminar os amigos e o professor com sua raiva ou com sua apatia. Cabe ao professor não apenas não se deixar contaminar, como também romper este “circuito” impedindo que o contágio se alastre. Isso só é possível à medida que o professor opera com a razão sobre a emoção e ajuda seus alunos a também operarem racionalmente. Atividades que permitam a manifestação das emoções são aliadas importantes, dentre elas pode-se ressaltar a expressão em desenhos, textos, música, poesia, teatro e discussões que permitam “o movimento para liberar a tensão, intercalar momentos de maior e de menor concentração”.

Cabe ao professor, portanto, conhecer seu aluno, respeitá-lo integralmente e ajudá-lo na empreitada de, pouco a pouco, ser capaz de superar obstáculos e as situações de imperícia agindo racionalmente. Dessa maneira, na atuação do professor “assumem relevância a sensibilidade, a curiosidade, a atenção, o questionamento e a habilidade de observação”, descreve a autora Abigail Alvarenga Mahoney. Muito mais do que repassar conhecimentos, é necessário compreender-se como humano e, assim, enxergar os alunos para além das funções cognitivas. 

Esta é a difícil tarefa!

*Soraya Vieira Santos é pedagoga, mestre e doutora em Educação. Jordana de Castro Balduino Paranahyba é psicóloga, mestre e doutora em Educação. Ambas são professoras de Psicologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (FE/UFg) e coordenam a pesquisa “A emoção na escola: um estudo sobre como a temática da afetividade tem comparecido nas escolas de Educação Básica”.

Estágio de Licenciatura em Psicologia: Parceria com GERFOR


Estamos de volta. Iniciando mais um ano letivo em parceria com a GERFOR (Gerência de Formação) para a realização da disciplina de estágio de Licenciatura em Psicologia, que visa a formação das auxiliares de atividades educativas da Rede Municipal de Educação de Goiânia. 

Quais os efeitos da tela no cérebro?



Esse é um estudo muito interessante, cuja prévia dos resultados foi divulgada pelo National Institute of Health dos Eua ontem.

Foi um estudo multicentrico conduzido ao longo de dez anos, com 11. 000 pessoas, em 21 cidades, ao custo de 300 milhões de dólares, para demonstrar os efeitos da tela (celular, ipad, computador e tv) no cérebro de crianças, adolescentes e adultos.

Alguns highlights do estudo:
  
1. O uso constante de tela provoca atrofia do cortex cerebral, com possivel diminuição da receptividade de informações sensoriais (visão, audição, tato, olfato, paladar), pois acabam menos estimulados durante o uso da tela do que em outras atividades.

2. Há sinais de aumento importante da velocidade da maturação cerebral relacionado ao uso de tela, ou seja, aceleração do processo de envelhecimento cerebral.
  
3. Durante o uso de midias sociais, há evidências do aumento da liberação de dopamina, que é um neurotransmissor relacionado ao vício. Ou seja, há evidências (que serão melhor estudadas) de que pode viciar quimicamente, como uma droga.


4. Diminui o desempenho em testes de linguagem e matematica.

5. Crianças que aprendem a empilhar blocos e jogar em 2d (por exemplo Minecraft), ao contrario do que se pensava, não conseguem transferir estas habilidades para montar blocos em 3d. Ou seja, a habilidade serve apenas especificamente para o computador, não para a vida real.

  

6. Existe uma correlação que será melhor estudada (para saber se é uma relação de causa e consequência ou não) entre automutilação em meninas adolescentes e uso de redes sociais. 

7. Adolescentes que usam redes sociais menos de 30 minutos ao dia apresentam muito menos sintomas depressivos e auto destrutivos do que os adolescentes que usam redes sociais por um tempo superior a este.
   

Fonte: https://cbsn.ws/2BTIZS5

Comparações na sala de aula



Comparações na Sala de Aula 

Muitas vezes, é comum que o professor em sala de aula compare os alunos em relação à média esperada ou à turma, dando mais crédito para aquele que atingiu ou superou a média. Propositor do Behaviorismo Radical, Skinner defende, no entanto, que atitudes como esta podem retirar a possibilidade de uma análise de cada aluno, de sua história de vida e de seu ambiente. 

Segundo esta filosofia da ciência, o que realmente importa não é se o estudante atingiu a média da turma, mas o quanto ele avançou tendo em vista seu próprio desempenho. Assim, aquele que passar de 3,5 para 5,5 terá crescido mais do que aquele que avançou de 5,5 para 6,0 apesar de este ter atingido a média. 


Nesse sentido, no contexto de sala de aula o professor deve comparar o aluno com ele mesmo! Os avanços, os retrocessos, as estagnações têm como parâmetro o próprio indivíduo. Isso é de suma importância para o reconhecimento do crescimento do estudante, uma vez que, desse modo, o professor respeita as diferenças individuais e considera a singularidade e o ritmo de cada um.

Gostou desse assunto? Para saber mais, fica como sugestão o capítulo XI: O comportamento do sistema, do LivroTecnologia do Ensino (1972), de Skinner. 

Boa leitura!!


Por Jordana Gracielle Sousa (licencianda de Psicologia - UFG)


Beber na frente dos filhos é um péssimo hábito



Beber na frente dos filhos é um péssimo hábito

Ingerir bebidas alcoólicas perto das crianças pode torná-las mais tristes, ansiosas e preocupadas, mesmo se o consumo for moderado.

Um em cada dez pais afirma ter ingerido álcool na frente de seus filhos e metade deles já ficou embriagada, de acordo com uma nova pesquisa do Institute of Alcohol Studies do Reino Unido. Esse comportamento, independentemente da quantidade consumida, pode impactar a saúde mental das crianças, tornando-as mais retraídas e preocupadas. Dessa forma, mesmo os pais que não possuem dependência alcoólica podem causar problemas aos filhos – mesmo o consumo moderado – é suficiente para desencadear efeitos negativos nos pequenos.

Segundo os especialistas, ao notar os pais alterados pela bebida as crianças ficam preocupadas com o comportamento imprevisível dos adultos e se sentem menos confortáveis do que o habitual, o que pode atrapalhar a rotina e o sono delas.
  
Alcohol Focus Scotland. (n.d.). Children, young people and families. Retrievedhttp://www.alcohol-focus-scotland.org.uk/training/children,-young-people-and-families/
Além disso, o estudo mostrou que os filhos perdem a confiança e tendem a não considerar os pais como modelos a serem seguidos. Para os cientistas, as novas descobertas surgem como um alerta para os pais que podem estar, inconscientemente, banalizando as consequências físicas e psicológicas do consumo do álcool.

Referências:
Institute of Alcohol Studies. (2017). Socioeconomic groups and alcohol factsheet. Retrieved http://www.ias.org.uk/uploads/pdf/IAS%20reports/rp28102017.pdf

Por Célio Messias de Santana (Licenciando em Psicologia - UFG)

[SOBRE] PESO: A CARGA EMOCIONAL PRESENTE NA OBESIDADE INFANTIL


[SOBRE] PESO: A CARGA EMOCIONAL PRESENTE NA OBESIDADE INFANTIL


Falar de obesidade na infância ou mesmo crianças com sobrepeso não é tarefa fácil, e é um trabalho para muitas mãos. No que tange ao comportamento alimentar dessas crianças, punir não é a melhor saída. A punição pode ter efeitos negativos a longo prazo, podendo a criança desenvolver uma relação não muito boa com a comida, ou mesmo pode provocar o comportamento de esquiva fazendo com que a criança coma escondido, por exemplo. Quando a criança é mais nova é mais difícil para os pais, ou aqueles que convivem com a criança, evitar que ela entre em contato com os doces, as festinhas e fazer com que ela possa entender os motivos da privação de certas gostosuras. No entanto é desde a infância que ela, a criança, começa a se pensar no mundo, começa a desenvolver sua autoimagem e sua história pessoal, e a forma como isso é feito, é de importância fundamental para o desenvolvimento futuro desse pequeno sujeito em formação.
  Algumas situações simples do dia a dia também podem se transformar em situações frustrantes e tristes para uma criança, como quando ela vai comprar uma roupa. Nessas situações, que podem ser delicadas, é preciso que elas sejam tratadas de forma cautelosa, aos cuidadores cabe essa função de possibilitar que esses momentos sejam menos aversivos, que elas possam se sentir seguras e futuramente desenvolver uma boa auto estima. Uma boa forma é: a tarefa conjunta, se pais e filhos traçam um mesmo modo de vida, aquilo pode se tornar mais natural, e menos aversivo, fazendo com que o lar seja um ambiente propício para uma boa alimentação, sem as tentações frequentes. Mas, lembre-se, a vida também precisa de doçura, de gostosuras, e desenvolver hábitos saudáveis não é a privação total de certos alimentos, mas construir junto uma alimentação equilibrada.  


Por Luísa Jaques Côrtes (licencianda em psicologia)

Indicação Cine: O menino e o mundo


Indicação Cine: O menino e o mundo 


O olhar da criança importa?

A animação de Alê Abreu coloca em evidência elementos estéticos muito diferentes do que as crianças e jovens estão acostumados. Trata-se de um trabalho quase artesanal e por isso pode até causar certo estranhamento, porém é também uma experiência muito inspiradora quer seja pela música e trilha sonora (porque os sons do filme são fundamentais), quer seja pelo aspecto visual. 

Se trata de um filme importante para todas as idades, pois há muitas possibilidades de interpretação. Pode ser uma experiência estética inédita para crianças pequenas e à medida que aumenta a idade do espectador, mais elementos da densidade dramática podem ser compreendidos. Fundamental para educadores (pais e professores), pois trata com sensibilidade como uma criança vê e sente o mundo dos adultos.

O longa mostra a história de Cuca, um menino que mora na zona rural de seu país. Um dia, seu pai - em busca de emprego - parte para a mítica e desconhecida cidade grande ao embarcar no trem, retratado como um monstro que engole os adultos e os leva embora. Cuca sofre com a ausência do pai, mas, pouco depois, deixa sua aldeia e vai parar num mundo fantástico. 


O Menino e O Mundo combina diferentes técnicas de animação para mostrar a jornada de Cuca, e o contraste entre o mundo puro das crianças e a dura vida dos adultos, mostrando em um tom poético a nossa realidade.
  
Por Juliano Alfredo (Aluno de Psicologia da Educação no curso de Geografia – UFG)


TECNOLOGIA É COISA DE CRIANÇA?


TECNOLOGIA É COISA DE CRIANÇA? 


É comum crianças nos dias hoje passarem mais de três horas por dia com aparelhos eletrônicos, como o smartphone, vendo vídeos no youtube ou jogando. Esses aparelhos emitem sequências sonoras, mas não conversam com a criança, isso pode desencadear em consequências no desenvolvimento motor e da linguagem, e até mesmo na representação de sua subjetividade como sujeito.

Por mais comum que seja oferecer aparelhos eletrônicos para crianças ao invés de brinquedos, é preciso ficar atento, a tecnologia não pode substituir as relações humanas. Segundo a visão psicanalítica, essas relações são fundamentais na formação da identidade. É por meio do outro que nos constituímos. Além do mais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o ideal é que a criança só seja exposta a telas após os dois anos de vida. E ainda assim, é preciso restringir o seu tempo de uso em no máximo uma hora por dia.

Referências: JERUSALINSKY, J. As crianças entre os laços familiares e às janelas virtuais. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP lança conjunto de orientações em defesa da “Saúde das crianças e adolescentes na Era Digital”. 2016. Disponível em: http://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-lanca-conjunto-de-orientacoes-em-defesa-da-saude-das-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/. 



Por Muryel Domingos (licenciando em Psicologia – UFG)

Indicação Literária: Olivia não quer ser princesa


Indicação Literária: Olívia não quer ser princesa 

 “Ser princesa é a fantasia de todas as meninas. Todas? Não é bem assim. Que o diga a porquinha Olivia! Inquieta como sempre, e desta vez mais inconformada do que nunca, ela enfrenta uma crise de identidade infantil. Todas as suas amigas só querem saber de ser princesa, com vestido cor-de-rosa e varinha de condão. Olivia se pergunta: por que é que todo mundo tem de pensar do mesmo jeito, vestir as mesmas roupas, sonhar os mesmos sonhos? Ela queria ser diferente.” 

O livro Olívia não quer ser princesa mostra a crise de identidade de uma porquinha diante de um conflito muito comum entre as crianças: ela quer ser diferente. É, assim, uma boa opção para abordar temáticas acerca da aceitação de suas próprias diferenças. Isso porque uma criança que apresenta dificuldade de identificação com personagens também sofre na construção de uma autoimagem positiva, como já explicitamos em um post anterior. 


Para entender melhor a importância dessa abordagem, trazemos um conceito simplificado de autoimagem: “autoimagem pode ser definida como a visão que temos de nós mesmos, inclui a forma, o tamanho, as proporções do nosso corpo, nossos sentimentos em relação a ele e suas partes segundo nossa avaliação. A aquisição da autoimagem se dá por aprendizagem. Ao interagir com as pessoas que lhe são importantes a criança recebe retornos que reforçam suas particularidades.” A identificação com a porquinha Olívia e a aceitação de que se pode ser o que quiser atuaria como um reforço para a visão positiva diante de suas diferenças.

Por Amanda Lima (licencianda em Psicologia UFG)
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