quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Vamos chamar a criançada lá pro fundo do quintal?


Ouvi um burburinho, parecia que eles estavam planejando alguma coisa. Sai de fininho de dentro de casa para eles não me ouvirem. De repente ouço uma gargalhada bem alta, que sorriso contagiante eles tinham.
Estão aprontando alguma - pensei.
Continuei observando, crianças no fundo do quintal. Era com certeza a imagem mais bela que meus velhos olhos já tinham experimentado.
Lembrei da minha infância e como mamãe gritava para entrar quando já estava escurecendo.
Deixa a gente brincar mais um pouco - sempre protestávamos.
Não, já está tarde e vocês estão uma sujeira que só- mamãe respondia.
Cheguei na pontinha dos peś para observar a brincadeira. Debaixo de uma grande árvore, a terra se tornava mar e as crianças peixinhos a nadar.
Elas me viram, falei baixinho: Não quero incomodar, continuem, não parem de brincar.
Vem brincar com a gente - eles me chamaram
Não, não, a tia já está velha não brinca mais- eu disse com a voz embargada, desejosa de ser criança novamente e poder experimentar daqueles momentos incríveis.
Eu vi aqueles pequeninos correrem em minha direção, me puxarem pelos braços para dentro do mundinho mágico deles. Eu não precisava ser pequena, passar por pontes ou ultrapassar grandes obstáculos para estar ali. Era preciso apenas me jogar, participar da imaginação deles, brincar de verdade.
Uma das crianças vendo o quanto eu me divertia imitando tubarões ou tartarugas, produzindo ondas naquele pequeno grande mar ou nadando como um peixinho, me olhou atentamente e com sua voz doce me disse:
Tia, você é grande mas continua criança. Meu pai também diz que adulto não brinca mais, mas eu insisto tanto que ele vai brincar comigo. Quando ele brinca dá para ver que ele adulto, não entende nada de brincadeira. Você não, você brinca de verdade.
Eu sou adulto brincante - respondi à ela.

Reconheci verdade na fala daquela criança e estabeleci uma meta para minha vida: mostrar aos adultos o mundo mágico da brincadeira, o quanto eles podem se divertir com as crianças, como momentos de brincadeira com as crianças podem proporcionar desenvolvimento para ambos.
Por isso, levo sempre em meu coração a certeza de dentro de cada adulto, há uma criança querendo atenção.
E como diria Milton Nascimento:

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

Nayara Feitosa (Graduanda de Psicologia)

#IndicaçãoCine


PODE ME CHAMAR DE NADÍ

Baseado em fatos reais, escrito e dirigido por Déo Cardoso e produzido por Tamylka Viana, o filme de curta-metragem conta sobre uma menina que, em um determinado dia, supera o racismoA história narra como Nadí, que vivia com o cabelo coberto por um boné, superou a vergonha e se libertou. 

Fala sobre preconceito, padrões de beleza, racismo, identificações e representatividade de uma forma emocionante!

terça-feira, 30 de outubro de 2018

#IndicaçãoLiterária


Os Direitos das Crianças segundo Ruth Rocha (Ruth Rocha)

E porque não falar sobre os direitos da criança?

Em poema singelo e bem esmerado, Ruth Rocha traz nesta obra os direitos que todas as crianças devem possuir, conforme promulgado pela Declaração Universal dos Direitos da Criança (ONU, 1959) e instituído no Brasil pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990). Brincando com os conceitos e fonemas, a autora mostra que todas as crianças devem ter todos seus direitos preservados desde escola, saúde educação, até o lazer de descer pelo escorregador e fazer bolha de sabão. Desde o direito de sorrir ao direito de brincar e, não menos importante, o de criar. Criança tem direito de ser feliz!
As ilustrações, de Eduardo Rocha, materializam a simplicidade e leveza dos versos, deixando sempre evidente que: “[...]Não é questão de querer nem questão de concordar/Os direitos das crianças todos tem de respeitar.”(Rocha, 2014).

Rayane Neves (graduanda em Psicologia-UFG e bolsista do Projeto de Extensão "História meio ao contrário... consciência crítica, formação humana e literatura infantil no Centro de Trabalho Comunitário")


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Dia Nacional do Livro



Ele ergueu o livro.
- Lerei para você. Como distração.
- Fala de esporte?
- Duelos. Lutas corpo a corpo. Tortura. Veneno. Amor verdadeiro. Ódio. Vingança. Gigantes. Caçadores. Pessoas Más. Pessoas boas. Mulheres belíssimas. Serpentes. Aranhas. Dor. Morte. Homens corajosos. Covardes. Homens fortes, como ursos. Perseguições. Fuga. Mentiras. Verdades. Paixões. Milagres.
- Soa bem - eu disse. (William Goldman, A princesa noiva)

Nos livros encontro os mortos como se estivessem vivos,
no livros vejo o que está por vir.
Tudo se deteriora e desaparece com o tempo,
toda glória cairia no esquecimento
se Deus não tivesse dado aos mortais o recurso dos livros. (Richard de Bury, citado por Alberto Manguel)

Mas Bastian sabia que não poderia ir embora sem o livro. Agora ele se dava conta de que entrara ali somente por causa daquele livro, que o livro o havia chamado de alguma forma misteriosa, pois queria chegar até ele, pois na verdade sempre lhe pertencera! (Michael Ende, A história sem fim)

Para mim, em minha pobreza, minha biblioteca bastava-se como ducado. (William Shakespeare, A tempestade)

Só a linguagem nos protege do horror das coisas indizíveis. (Toni Morrinson, discurso de recebimento do Prêmio Nobel de 1993)


Trechos retirados do livro "Coração de Tinta", de Cornelia Funke

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O que significa DIVERSIDADE?


Significa afirmar a diferença sem com isso destruir o outro, nem mesmo destruir-se. O fato é que para afirmar o meu “eu” não preciso necessariamente passar pela negação do outro. O outro, que é diferente, não é algo que possa ou não deva existir. Ele existe!

Fonte: Diferentes? Sim, nós somos! A diversidade na Educação Infantil

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

#IndicaçãoCine



TERRITÓRIO DO BRINCAR

O programa Território do Brincar é um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil.
Entre abril de 2012 e dezembro de 2013, os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, acompanhados de seus filhos, percorreram o Brasil. Eles visitaram comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando o país através dos olhos de nossas crianças. Renata e David registraram as sutilezas da espontaneidade do brincar, que nos apresenta a criança a partir dela mesma.
Em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio de gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes, fotos, textos e áudios. Um intercâmbio onde pesquisadores e crianças se encontraram no fazer e no brincar, sempre aprendendo um com o outro.
O trabalho do Território do Brincar se amplia ainda mais pela parceria firmada com o Instituto Alana, que é o correalizador do programa, pelas escolas que acreditam no valor dessa pesquisa e são nossas parceiras, pelo apoio da Aliança pela Infância e outras pessoas e organizações que muito enriquecem essa história.
Este intenso trabalho de pesquisa foi sistematizado, dando origem a diversas produções culturais: um filme de longa metragem, dois livros e duas séries infantis para TV, filmes de curta metragem, artigos,  além de uma exposição itinerante que, entre 2014 e 2015, percorreu o Brasil para levar um pouquinho do Território do Brincar para escolas, festivais, praças, etc.
Dando continuidade a essa pesquisa, a equipe do Programa seguirá rumo a terras distantes, além das fronteiras nacionais, e continuará produzindo materiais que tragam a infância de todos nós para dentro de escolas, instituições e famílias.
Fonte: territoriodobrincar.com.br

#IndicaçãoLiterária



QUEM TEM MEDO DO RIDÍCULO?
RUTH ROCHA

No embalo do feriado municipal, porque não uma leitura perspicaz e curiosa?

A indicação de hoje trata da obra literária “Quem tem medo do ridículo?” da escritora brasileira Ruth Rocha.  E afinal, quem não tem medo de fazer algo ridículo na frente de todo mundo? Quem não tem medo de falar algo errado na hora que todos se calam? Quem não tem vergonha ganhar um beijão da mamãe no meio de toda a turma?
Em poesia singela e divertida, a autora propõe diferentes situações “ridículas” do nosso dia-a dia mas que, em certo momento, todos nós passamos! E então, porque ficar se preocupando tanto com o que os outros chamam de rídiculo?

Parte da série “Quem tem medo?”, a autora compreende diferentes tipos de medos que podemos ter e muitas vezes sentimos, mas que também, podem ser enfrentados com mais tranquilidade e uma pitada de bom humor! :)

Rayane Neves (Graduanda de Psicologia-UFG e Bolsista do Projeto de Extensão "História meio ao contrário...literatura infantil, consciência crítica e formação humana", realizado no Centro de Trabalho Comunitário)

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

#IndicaçãoCine


“Quando você dá atenção ao começo da história, ela pode mudar por inteiro”

Um dos maiores avanços da neurociência é ter descoberto que os bebês são muito mais do que uma carga genética. O desenvolvimento de todos os seres humanos encontra-se na combinação da genética com a qualidade das relações que desenvolvemos e do ambiente em que estamos inseridos.

Passando pelos quatro cantos do mundo, o documentário faz uma análise aprofundada e um retrato apaixonado dos primeiros mil dias de um recém-nascido, tempo considerado crucial pós-nascimento para o desenvolvimento saudável da criança, tanto na infância quanto na vida adulta.

O Começo da Vida convida todo mundo a ser um agente de mudança na sociedade: estamos cuidando bem dos primeiros anos de vida, que definem tanto o presente quanto o futuro da humanidade?

Um movimento global a partir de um filme. O filme é só o começo. 

Vamos juntos construir uma nova realidade!

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Desemparedamento da Criança



Em um país onde mais de 80% da população vive em cidades, há um déficit de natureza. Além das discussões sobre preservação da natureza, é preciso falar sobre a falta de convivência da criança com aquilo que a natureza oferece.
De acordo com o livro Desemparedamento da infância  “o convívio com a natureza na infância, especialmente por meio do brincar livre, ajuda a fomentar a criatividade, a iniciativa, a autoconfiança, a capacidade de escolha, de tomar decisões e de resolver problemas, o que por sua vez contribui para o desenvolvimento integral da criança” (p. 17).
Em meio à natureza, as crianças sobem em árvores, tomam banho de rio,  enxergam vacas em mangas, criam canudos com pés de mamona para fazer bolinhas de sabão, milhos viram bonecas, galhos se tornam estilingues e até folhas se tornam úteis na brincadeira. Dão sentidos e significados diferentes ao que para nós, adultos, já está predeterminado. Elas aprendem, conhecem o mundo e reconhecem a importância desses espaços.
Como estamos falando de brincar na e com a natureza, aqui vai alguns exemplos de brinquedos e brincadeiras:
  1. Peteca construída com palha de milho, semente de manga ou abacate e barbante. É um ótimo instrumento para juntar toda a família ou a escola e brincar ao ar livre.
  2. Feira de trocas com sementes encontradas na natureza. Além de instigar a curiosidade da criança na exploração da natureza, estimula o ato de compartilhar.
  3. Tinta de terra: é só misturar uma parte de cola para duas de água com a terra bem fininha. A tonalidade da tinta muda de acordo com a quantidade e o tipo de terra utilizada.
Agora é com vocês, deixem nos comentários brincadeiras que envolvam a natureza!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, M. I. A. (Org). Desemparedamento da infância: a escola como lugar de encontro com a natureza.2. ed. Rio de Janeiro: Instituto Alana, 2018.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

COMO FALAR COM O BEBÊ PODE AJUDÁ-LO A SE DESENVOLVER MAIS?


Nas últimas décadas, inúmeros estudos apontam que o cuidado, proteção e estímulo às crianças pequenas (desde bem pequenas) contribuem e potencializam o desenvolvimento de seu cérebro. Uma importante forma de prover tais cuidados é dado pela interação e o contato com o bebê e, especificamente, pela chamada "fala de bebê" ou baby talk. Estudos demonstram que a fala com intencionalidade, usando de expressões faciais e tons de voz mais agudos possibilitam maior interação e em consequência, maior crescimento e desenvolvimento da criança. Algumas pesquisas apontam que geralmente, para os pais, esse tipo de conversa não se efetiva como para as mães. Assim, a UNICEF em parceria com a Fundação H&M propuseram um minicurso simples e interativo para que eles aprendam - ou treinem - a chamada "língua mais importante do mundo".

Segundo a proposta, “[...] Pesquisas demonstram que quando falamos mais devagar e mais melodicamente, fazemos sons exagerados, usamos contato visual e interagimos com bebês, isso facilita a aprendizagem de novas palavras e o desenvolvimento de habilidades cognitivas. É importante que todos os cuidadores se envolvam em uma conversa de mão dupla, espelhando as expressões de seu bebê e respondendo a sugestões.

Para incentivar os pais a se envolverem mais no desenvolvimento do cérebro de seus filhos, a UNICEF e a Fundação H&M os desafiam a entrarem no jogo e a falar o “baby talk” através do “Baby Talk For Dads” - um curso interativo para todos os cuidadores na língua mais importante o mundo, para impulsionar o cérebro do seu bebê.” *

Visite o site e aprenda em: https://babytalkfordads.org/  

*Traduzido na íntegra do website.

sábado, 13 de outubro de 2018

#INDICAÇÃOCINE


Filme mostra alternativas simples para promover a brincadeira na escola

"Caramba, carambola: o Brincar tá na escola "é um documentário que passeia pelas possibilidades de criar cultura infantil dentro das instituições públicas de ensino. Seu objetivo é contribuir para a formação do educador da infância, ajudando-o a compreender a importância de garantir tempos, espaços, materiais, relações para a brincadeira acontecer no dia a dia das escolas, e possibilitando-lhe buscar soluções simples.
Ao longo do vídeo, diversas falas reforçam a importância do brincar, como: "brincar é um jeito de existir" ou "a infância não pode esperar pelas crianças no lado de fora da escola". A produção inspirada no Projeto Brincar desperta a percepção de como é importante a vivência do brincar e aponta possibilidades de se entender o brincar brincando, não apenas entre as crianças, como também entre os educadores, e entre estes e as crianças e seus pais.

Fonte: catraquinha.catracalivre.com.br

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Qual o melhor presente do mundo?



Nesse dia das crianças, precisamos lembrar que o melhor presente do mundo é estar presente!

Em um mundo tão acelerado, produtivista, onde 'tudo' pode ser comprado, as crianças ficam imersas no consumismo da sociedade e até mesmo o tempo parece poder ser comprado. Nos esquecemos que a presença vale muito mais do que qualquer brinquedo. Vale mais para a construção do vínculo, para o desenvolvimento da criança, para a construção de valores. 
Os brinquedos que falam sozinhos, que andam sozinhos, que não implicam uma interação criativa, jamais vão substituir a caixa de papelão que pode ser uma aeronave, um barco, uma casa... Smartphone, Tablet, Iphone... Não podem substituir o olhar, o toque, a interação, o diálogo. 
Estar por inteiro, viver o momento presente e aproveitar cada experiência. Que possamos estar mais presentes para nossas crianças!

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Quem foi Paulo Freire?


Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921. Nordestino, filho de uma das regiões mais pobre do país, perdeu seu pai ainda no início da adolescência. Seu encontro com as palavras se deu através da escrita utilizando os gravetos de mangueira do quintal, sob orientação da mãe. Sentiu na pele o que muitos brasileiros vivem, afirmando: “Eu fiz a escola primária exatamente no período mais duro da fome. Não da “fome” mais intensa, mas de uma fome suficiente para atrapalhar o aprendizado”.
Paulo Freire propôs uma educação ética, libertadora, transformadora e que reconhece as diferenças sociais, históricas, culturais e de classe. Trabalhando com educação de adultos, entendia que a alfabetização ia além de decorar o b+a=ba das cartilhas, mas era um ato de criação e político. O método freiriano propõe partir da realidade do sujeito, daquilo que ele já conhece sem deixar de obedecer às normas metodológicas e linguísticas. Para Freire, aprender a ler e escrever é “uma difícil aprendizagem para nomear o mundo”. Ler a palavra e ler o mundo são indissociáveis. A educação é concebida como social e, portanto, deve possibilitar que o aluno conheça a si próprio e os problemas sociais que os afligem.
Com essas perspectivas Paulo Freire não se limitou no Brasil, mas foi reconhecido mundialmente. Seus livros foram publicados em inglês, francês, espanhol, italiano e alemão. O livro Pedagogia do Oprimido foi traduzido em mais de vinte línguas.

“Afinal, a minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para  não ser apenas objeto, mas sujeito também da história”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GADOTTI, M. (Org). Paulo Freire: uma bibliografia. Cortez Editora, 1996

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

Nayara Feitosa (Graduanda em Psicologia UFG e estagiária de Licenciatura Psicologia)

Como a criança se desenvolve?


Idealizamos que a criança desenvolva-se quantitativamente, obedecendo uma linha crescente e linear. No entanto, esse desenvolvimento, constantemente, nos tira desse ideal, apresentando-se como inesperado, extraordinário e único!

E assim se segue durante toda a vida. Aprendemos, desaprendemos, o desenvolvimento parece retroceder, damos um salto, aprendemos outra coisa, alguém nos ajuda e depois consigo fazer sozinho. É dinâmico!

A aprendizagem possibilita o despertar processos internos do indivíduo, associando o desenvolvimento do indivíduo a sua relação com o ambiente sócio-cultural em que vive e a sua situação de organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos.

O desenvolvimento é um processo dialético, complexo, resultante da atividade humana e da interação com o outro. Ele se transforma a cada dia, nos surpreendendo.

Imagem: gráfico construído no curso para os (as) auxiliares de atividades educativas para explicar o desenvolvimento que esperamos que aconteça e o que realmente se coloca na realidade.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

#INDICAÇÃOLITERÁRIA


LÁPIS COR DE PELE (Daniela de Brito)

Será que gente só tem uma cor?

Esse foi o questionamento de Ana, em seu primeiro dia de aula, quando uma menina pede emprestado um lápis “cor de pele”, e o colega lhe dá um cor de rosa. Intrigada, Ana compara essa cor com a de seu braço e também percebe a cor diferente de seu irmão, sua mãe e seu pai. Em casa, os pais explicam de onde vem essa diversidade de cores, lição que ela repete na escola. 
Buscando discutir o preconceito e acolher diferenças, a literatura infantil pode contribuir para construir uma nova consciência crítica entre as crianças. Em seu livro Lápis cor de pele, Daniela de Brito enfoca esse tema, que não se restringe apenas à questão racial. 

O mais legal são nossas diferenças. Afinal, que sem graça seria o mundo se todos fossem iguais!

Leitura fascinante e diversa!



quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Infâncias e Crianças no Plural


Como foi a sua infância? Que criança você foi?

Certamente, cada resposta para essas perguntas será diferente. Quando resgatamos a nossa infância e compartilhamos essas memórias, vemos a multiplicidade de infâncias que existem e como uma criança nunca é igual à outra. Isso fica ainda mais evidente quando pensamos na infância dos nossos avós, pais, a nossa e a das crianças com as quais convivemos hoje. A infância de cada um é única e a criança que existe dentro de nós, também.
Mas, porque isso acontece?
A sociedade é dinâmica, pois o motor da história não para de girar. Estamos sempre modificando de alguma forma, a cultura, a história e a sociedade e isso nos modifica. Assim, os tempos, as condições sociais e culturais, a classe, gênero, as experiências, tudo isso influencia a criança e a infância que ela vive.
Foi falando sobre isso que introduzimos o ‘curso para auxiliares de atividades educativas’. Conversamos sobre como não existe uma única concepção de infância e criança, mas diferentes infâncias e crianças que se constituem em diferentes contextos sociais. Por isso, falamos de infâncias no plural, como um tempo social e histórico, em que a criança, indivíduo social, constrói sua história demarcada pelas experiências humanas e determinadas pelas formas de organização da sociedade. Dessa forma, a criança deve ser compreendida na sua totalidade, preocupando-se com seus processos de constituição como seres humanos que vivenciam diferentes contextos sociais, as suas culturas, as suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais que agregam à diversidade de suas histórias familiares, sociais, culturais e econômicas.
Qual impacto de entendermos as crianças e as infâncias dessa forma?
Quando compreendemos que ‘crianças’ e ‘infâncias’ envolvem uma dimensão social e histórico-cultural, vemos que a criança é um sujeito histórico. sujeito de classe. é indivíduo social e de experiência. é produtora de cultura. é sujeito de direitos!


Referência:

GOIÂNIA. Infâncias e Crianças em Cena: por uma Política de Educação Infantil para a Rede Municipal de Educação de Goiânia. Secretaria Municipal de Educação. Goiânia: SME, DEPE, DEI, 2014.

ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Criança não tem que querer ou criança é cheia de querer?


Criança cheia de querer. Assim mesmo, criança é cheia de querer e isso não é de todo mau. Criança sabe o quer.
“Eu quero a tinta verde”, “Eu adoro suco”, “Eu quero a massinha rosa”, “ Quero brincar de bola”. Essas foram algumas das várias frases que escutei de crianças de 2 e 3 anos durante meu estágio em um Cmei. Crianças que são protagonistas do seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, que sabem o que querem e são atendidas, dentro do possível. Estes serzinhos tão pequenininhos são vistos como inocentes, como aqueles que não sabem de nada e, por isso devem ser ensinados. A questão é: já se passaram um, dois, três anos nos quais eles aprendem diversas coisas, experimentam coisas novas todos os dias e delimitam gostos e desgostos, então será que eles não realmente não sabem o querem?
É comum crianças escutarem: você não sabe o que você quer, não sabe o que pode ou não fazer, sou em quem mando e você só obedece. É claro que as crianças ainda têm muito a aprender sobre as regras sociais, sobre quem ela é, sobre o que é certo ou errado, mas é necessário que ela tenha participação ativa em seu processo de aprendizagem. Acreditamos que a criança deva ter voz e vez em seu processo educativo, mas que deve sempre haver um adulto realizando uma mediação.
O protagonismo da criança é importante para a sua aprendizagem. Ela pode sim escolher quais músicas quer cantar, do que quer brincar, quais histórias quer ouvir etc. Essa escolha é importante para seu processo de autonomia e aprendizagem. Muitas vezes não se escuta as crianças, não confirmam o que ela sente, falam que não é bem assim como ela está vendo, ou seja, não dão credibilidade ao que ela sente, fala ou pensa pelo simples fato de serem crianças.
Porém, quando busca-se atender todos os desejos delas sem limites, as crianças não aprendem ou não respeitam as regras sociais, tão necessárias à convivência em sociedade, além de não aprenderem a tolerar e lidar com a frustração. Ou seja, é preciso mediar esse incessante querer com a necessidade de internalização das regras sociais, possibilitando que a criança seja protagonista e, ao mesmo tempo, limitá-la. Essa mediação deve levar em conta a criança, a família, as condições sociais, econômicos, raciais, de gênero. Isto é, não há como estabelecer um modelo em comum para todas.
De acordo com a Proposta Político Pedagógica da Rede Municipal de Educação de Goiânia é preciso proporcionar para as crianças um espaço de escuta, de comunicação e de diálogo a fim de que elas possam ser ativas naquilo que elas já são capazes de realizar sozinhas e que lhes são tão caras, e garantir sua posição enquanto sujeito de direitos.

É preciso que a criança tenha esse espaço na escola, em casa, ou em qualquer outro lugar que esta se insira, tanto nos momentos de cuidado e/ou brincadeira. Ou seja, que ela seja escutada na sua subjetividade, com o seu querer sim, mesmo que ele não possa e muitas vezes não deva ser atendida. Até porque, criança pode até não ser gente grande, mas é cheia de querer.

Nayara Feitosa (Graduanda de Psicologia - UFG e estagiária de Licenciatura em Psicologia)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

#INDICAÇÃOLITERÁRIA


Em meio a período eleitoral, a obra literária desta semana traz, dentre outras, temáticas relacionadas à democracia e política para crianças. O livro de autoria da escritora e jornalista alemã Monika Feth conta a história de um país que vivia em prosperidade, cheio de coloridos, de grande cumplicidade e simplicidade com um presidente que valorizava tudo isso, até o momento em que este falece e um novo assume seu lugar.

Para a infelicidade do povo, o novo regente é um ser individualista e ostentador que, dia após dia, restringia a população de suas cores e alegrias e monopolizava todas as riquezas do país para si e seus próximos. Ainda, muito autoritário, não permitia que ninguém discordasse dele e, sempre que podia, enchia cada vez mais as prisões…

Com uma reviravolta inesperada, a história proporciona um rico momento de reflexões sobre a importância de reconhecer um povo como dotado de voz, composto por sujeitos de direitos e que devem ser tratados em igualdade e solidariedade na sociedade.

Uma leitura significativa, vívida, de belas ilustrações.


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