sexta-feira, 24 de maio de 2019

Tempos e tempos: sobre o tempo de adulto e das crianças


Existem tempos e tempos ou o tempo é como o compasso do relógio, alinhado e preciso a todos? Para uns o tempo é TEMPO (ponto), rígido, adequado, marcado e inadiável. Para outros, os tempos são vários, flexíveis, de cada um, assim como o tempo de uma criança. 
 
Meu tempo no CMEI tem sido bem diferente do meu tempo de adulta, uma soma de vários minutos que não parecem ter apenas 60 segundos, eles duram tanto que mais parece uma vida. Observando a rotina das crianças, naquele vai e vem de refeições, banhos, brincadeiras, atividades e conversas, mais parece que a vida adulta se ocupa de adequar as crianças ao TEMPO e não sobra muito para que elas tenham o seu tempo. Eu fico pensando, será que é assim mesmo?
 
Outro dia enquanto acompanhava o banho das crianças, eram várias crianças aguardando aquele momento de se libertarem das roupas e poderem apreciar o pula pula embaixo do chuveiro, percebi que a professora muito atarefada em ensinar o passo a passo do banho, não apreciava o momento, talvez conduzida pela rotina, mantinha o banho dentro do limite de tempo apropriado, para que conseguisse realizar toda a tarefa antes do jantar. Enquanto que para mim que observava parecia tão pouco tempo, não suficiente para explorar aquele momento, para as crianças aparentemente aqueles poucos minutos eram radiantes. A professora tratava de agilizar, auxiliando nos movimentos e a auxiliar acompanhava o mesmo ritmo conduzindo as crianças a se vestir e arrumar os cabelos. Quando uma decidia por estender um pouco mais no banho, logo era repreendida “Vamos logo! Não vai dar tempo de jantar!” Aí era aquela correria.
 
Enquanto isso, me perdia no tempo pensando sobre o tempo, quando por sugestão da professora vi o vídeo “Caminhando com Tim Tim” de Inês Cozzo. O vídeo mostra a perspectiva de uma breve caminhada, apenas 2 quadras, pelo olhar da mãe de Valentim e da própria criança. A mãe vê em sua caminhada apenas calçada, ferragem, mercadinho e portão, por outra lado, Valentim que todos os dia vai a casa da avó a pé, explora cada detalhe das duas quadras de seu caminho, estabelecendo encontros com os moradores e comerciantes, com os animais, catando blocos da calçada e tentando reorganizá-los, bem como fazendo as pausas para atravessar a rua de mãos dadas com a mãe, fora isso, seu caminhar é livre e curioso. Então a mãe percebe que ali naquela simples rotina existem dois tempos, o dela e de Valentim, e a caminhada que ora era passo, calçada e mercadinho, agora é tempo de conversa descontraída, de carinho no gatinho, de pegar pedra, arrumar pedra e esperar a mão da mamãe.
 
De volta a minha dúvida percebo, o nosso tempo não precisa ser o mesmo da criança, é fato que há prazos que precisam ser cumpridos, mas se fizermos do nosso olhar de tempo o olhar da criança, talvez esse tempo dure mais e possamos assim como elas descobrir o valor de cada minuto.

Por Isabel Assunção (Licencianda em Psicologia UFG)

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Um convite a ouvir o que as crianças têm a dizer

 
Um dos momentos mais esperados na licenciatura de Psicologia é a chegada do estágio. A gente nunca sabe exatamente o que esperar e, além disso, sabemos que nunca vamos nos sentir 100% prontos ao que estará por vir. A prática tem algo do inesperado e do dinâmico que a teoria nunca vai apreender totalmente - e a isso chamamos movimento de contradição. É o que torna toda essa experiência tão incrível, inclusive: o fato de sermos completamente surpreendidos por essa falta de limites dos acontecimentos e ao mesmo tempo conseguirmos enxergar elementos teóricos acontecendo ali, na realidade. 

Quando descobri que observar e acompanhar a rotina do o agrupamento de 4 anos no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), onde faríamos o estágio, fiquei bastante animada pois é uma idade que marcou diversas memórias agradáveis que tenho da minha infância, sobretudo como fui dando significados ao mundo. Fazia diversos questionamentos como “o que é que eu era antes de nascer?” e “por qual motivo o sol é uma estrela?”. Estava sempre perguntando sobre tudo que acontecia e cada descoberta me intrigava muito.

Dessa maneira, uma das partes mais gostosas para mim em toda essa experiência é ouvir as crianças - pois é aí que consigo enxergar o encantamento que elas têm com o mundo. Elas me surpreendem a todo momento. Quem diz que criança não entende nada definitivamente nunca escutou uma criança verdadeiramente. Elas percebem muito mais do que nós mesmos achamos, dando significados e questionando acerca do que as rodeia. Logo no primeiro dia,uma das crianças me chamou para brincar com ela de ser um gato vegano e não apenas me explicou o que era ser vegano, bem como me disse que sua irmã era. Outra criança me definiu que gigante é “aquilo que chega até o céu”. Particularmente, eu acho uma ótima definição.

Sempre que chego, as crianças vêm correndo para me cumprimentar e me contarem coisas pontuais que aconteceram em sua semana, falando sobre suas famílias, suas casas, o que comeram, mostrando algum brinquedo ou roupa nova. Também fazem perguntas e assim que eu respondo alguma, logo vem outra pergunta em cima da minha resposta. A troca que a comunicação com crianças traz é tão maravilhosa e rica que sou obrigada a finalizar esse texto trazendo um clichê: a gente acha que está ensinando alguma coisa, mas é nós mesmos que acabamos aprendendo. 

Eu acho que o que mais fica em cada visita é não perder isso que as criança tem - essa capacidade de a todo momento olhar para o mundo e se encantar com tudo que está acontecendo, tendo vontade de saber mais sobre tudo. De todas as coisas maravilhosas que o estágio traz, a que mais me marca em todas as vezes é essa espontaneidade que a gente vai perdendo no dia-a-dia mas o contato com crianças nos desafia a recuperar. 

Acredito que isso vai para além de uma escuta que trata os conteúdos trazidos na fala de uma criança apenas como aleatoriedades, mas sim ouvindo atentamente e percebendo que aquilo diz de processos de internalização e externalização que ocorrem a todo momento. Portanto, é um privilégio poder ouvir e participar ativamente disso por meio dessas interações. No que depender de mim, a cada terça-feira chegarei sempre ansiosa pelo que elas me trarão!

Por Larissa Gandora

segunda-feira, 20 de maio de 2019

18 de maio

A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes envolve vários fatores de risco e vulnerabilidade quando se considera as relações de geração, de gênero, de raça/etnia, de orientação sexual, de classe social e de condições econômicas. Nessa violação, são estabelecidas relações diversas de poder, nas quais tanto pessoas e/ou redes utilizam crianças e adolescentes para satisfazerem seus desejos e fantasias sexuais e/ou obterem vantagens financeiras e lucros. Nesse contexto, a criança ou adolescente não é considerada sujeito de direitos, mas um ser despossuído de humanidade e de proteção.

Em alusão ao Dia 18 de Maio, o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, por meio da campanha “Faça Bonito – Proteja nossas Crianças e Adolescentes”, vai ressaltar as inúmeras violações de direitos na vida de crianças, adolescentes, suas famílias e comunidade. O objetivo da campanha anual é ressaltar a responsabilidade do poder público e da sociedade na implementação do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, na garantia da atenção às crianças, adolescentes e suas famílias, por meio da atuação em rede, fortalecendo o Sistema de Garantia de Direitos preconizado no ECA (Lei Federal 8.069/90) e tendo como lócus privilegiado os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente no âmbito dos estados e municípios.

O dia 18 de Maio é uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no território brasileiro. Esse dia foi escolhido porque em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os seus direitos humanos violados, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune.

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis. A frase ‘Faça Bonito - Proteja nossas crianças e adolescentes’ quer chamar a sociedade para assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil.

Fonte: facabonito.org.br

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Educar precisa ser um exercício de propagação de afeto


Educar precisa ser um exercício de propagação de afeto, pois sem ele tudo parece pouco consistente, automático, sem alma.

Com afeto a cena muda: é a possibilidade de os ânimos se renovarem, de os sentimentos poderem ser expressos, é quando a vontade de aprender se intensifica, o mundo ganha novo significado, o futuro passa a ser considerado de forma mais promissora e os sonhos podem se transformar em possibilidades reais.

Os aspectos psicológicos da dinâmica do educar ajudam o educador a compreender melhor o aluno que ali está e que carrega consigo sua história, suas expectativas e a imagem e impressão de si mesmo e do mundo.

Partindo desse princípio e despindo-se de conceitos preestabelecidos sobre esse universo, a relação professor-aluno ganha significados emocionais importantes para a construção de um elo de afeto e confiança mútua que irão potencializar o aprendizado.

Fonte: livro 'O papel das emoções na educação'

quinta-feira, 16 de maio de 2019

A criança se relaciona com o mundo de um jeito muito especial


A criança se relaciona com o mundo de um jeito muito especial. Ela não estabelece relações lógicas como nós adultos as concebemos, porque sua linha de raciocínio passa por outra sintonia que envolve realidade e fantasia, componentes característicos da personalidade infantil.

A criança tem um visão particular sobre os fenômenos e as experiências, já que vinda ao mundo há pouco tempo, recebe o impacto de tudo o que acontece sob a impressão forte das sensações e sentimentos ainda não cultivados pela razão como a entendemos, e que lhes despertam reações muitas vezes surpreendentes.

A criança ainda carrega muito viva em si as formas de manifestação de sentimentos sem lapidação. A matéria bruta de suas expressões será trabalhada aos poucos, conforme a criança se desenvolve, quando adquire a linguagem, alcança certa autonomia e aprende a fazer uso mais coerente do que sente, dando vazão às emoções agora de modo menos intempestivo.

Este movimento de contrabalanço entre razão e emoção, no entanto, é tarefa para toda a vida, pois são dois polos dos quais não podemos prescindir e que costumam agir em esquema de alternância, o que garante nosso chamado equilíbrio emocional.

Por Vera Nunes (psicóloga clínica e institucional, ludoterapeuta, especialista em psicologia médica e psicossomática. Atua nas áreas da educação e da saúde)

quarta-feira, 15 de maio de 2019

O risco no brincar e no aprendizado


As crianças são capazes e competentes e se beneficiam imensamente de oportunidades de exercer sua pulsão de explorar, ir além, buscando novos desafios que desejam vencer. Nesse processo, desenvolvem e aprimoram suas habilidades em lidar com riscos e com o imprevisível. De fato, é exatamente isso que as manterá seguras ao longo da vida: chances de se tornar mais competentes, de aprender a avaliar quais riscos querem ou não correr.

Um dos significados da busca pelo risco é dar espaço, tanto para o sucesso quanto para o fracasso. Nesse processo, as crianças vivenciam acidentes de pequena consequência para, com eles, aprender a evitar os grandes acidentes no futuro. Isso não quer dizer que as crianças devem ser expostas a perigos cujas consequências comprometam sua integridade, como produtos químicos, balanços quebrados ou brincar onde carros passam. Educadores e pais devem permitir os riscos benéficos, nos quais as crianças se engajam por livre escolha e conseguem dimensionar as consequências e lidar com eles.

Há um amplo movimento mundial que defende a importância do risco no brincar e no aprendizado. Em setembro de 2017, a Aliança Internacional de Espaços Escolares (International School Grounds Aliance - ISGA) divulgou uma declaração, endossada por 38 organizações de 16 países e 6 continentes, na qual defende que espaços escolares voltados para o desenvolvimento integral da criança. Adultos e Instituições têm a responsabilidade de usar o bom senso ao proporcionar e permitir  às crianças e jovens atividades que envolvam assumir riscos.

Fonte: Livro 'Desemparedamento da infância: a escola como lugar de encontro com a natureza'

terça-feira, 14 de maio de 2019

segunda-feira, 13 de maio de 2019

"Aquela ali é a terrível"


Todas as vezes que vamos ao mercado nos deparamos com uma série de produtos e seus rótulos. Nestes estão contidas todas as informações referentes àquele. Tudo que compõe aquele objeto está ali, não há nada além.
Esse e outros tipos de rótulos estão presentes nos nossos dias e são de grande utilidade para a comunicação. Por exemplo, seria muito mais cansativo dizer refrigerante gaseificado sabor cola do que simplesmente o que estamos acostumados: coca-cola. Rótulos são práticos e nos permite uma compreensão facilitada ao nos referirmos a determinadas coisas.
O problema é quando utilizamos a mesma lógica com pessoas. Especificamente com os pequenos. E é sobre isso que pretendo falar.
Logo que cheguei ao primeiro dia de observação no CMEI, me foi passado um “roteiro” elencando quem era quem na turma. Diferente de “aquela ali é Fernanda, aquele João, a outra no canto Ângela”, o que foi dito foi algo como “esse aqui é o capeta, a gente faz de tudo pra deixar ele gastar a energia. Aquela ali é terrível, não obedece ninguém. Essa é a introspectiva e esse aqui a gente acha que é autista.”. Sem nomes. Apenas o Capeta, a Terrível, a Calada e o Autista.
Depois, na hora do parquinho ao juntar com outras turmas avistei uma criança chorando e fui questioná-lo sobre o motivo. No meio do caminho fui abordada pela professora que disse: “preocupa não, ele é novato. A mãe já falou que ele é inseguro e emocionalmente frágil”. Pronto, o Inseguro.
A questão é: quem são essas crianças por trás desses rótulos? Por que o Capeta está fazendo aquela birra? Porque a Terrível empurrou o colega? Por que a Calada não está brincando junto com os outros? Por que o Autista está no canto conversando sozinho? E por que o Inseguro voltou a chorar? A resposta vem sem qualquer possibilidade de compreensão. O Capeta tá fazendo birra porque é capeta. A Terrível empurrou o colega porque é terrível, e por aí vai...
Senti como se aquelas crianças fossem resumidas à isso. Sem nada além. E sem possibilidade de mudança por consequência. Rotulando-as de forma tão rígida deixamos de enxergar todas as outras características que as compõem, suas limitações e suas potencialidades. A Terrível é terrível porque é e pronto, e também não é mais nada além disso. Não pode ser, além de terrível, curiosa, esperta, ágil e criativa, porque é a Terrível.
Mais que isso, quando se rotula uma criança, consequentemente estamos colocando-as em oposição a um padrão normativo. Um padrão constituído num ideal onde a valoração pelas singularidades, seja em suas personalidades ou nas histórias individuais que as sustenta, é ignorada. E ainda, tudo aquilo que foge ao padrão se torna patológico e por isso deve ser extinguido. De preferência o mais rápido possível. E aí dá-lhe Ritalina.
Por isso é importante questionarmos tal lógica da patologização do singular. Do quieto ao acelerado, da calada ao que fala pelos cotovelos, da que gosta da “fuzarca” ao mais organizado... O importante é saber que as diferenças existem e que são preciosidades, não doenças. E que uma criança nunca é uma coisa só, mas sim um universo de outras tantas, além de um mar de possibilidades do que podem vir a ser.

Por Anna Luisa Cabral (Licencianda em Psicologia - UFG)

sábado, 11 de maio de 2019

Roda de Conversa & Oficina sobre Brincadeira


Roda de Conversa & Oficina: A importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil
CMEI Santa Mônica

Ontem fomos ao Centro Municipal de Educação Santa Mônica fazer uma Roda de Conversa com os pais dos pequenos de 2 anos sobre a Importância da Brincadeira para o Desenvolvimento Infantil

Foi um momento muito rico se reflexão, no qual pudemos rememorar a infância de cada um e o papel que a brincadeira teve na constituição da subjetividade dos familiares ali presentes

Também conversamos sobre as mudanças históricas e sociais em relação ao brincar e a necessidade deles estarem sempre mediando a brincadeira dos filhos de alguma forma

Ressaltamos que a interação é mais essencial do que gastar com brinquedos caros. Se brinca no dia a dia, no caminho pra escola, no banho, nas refeições, na hora de ir dormir... e mais, criar, imaginar e construir brinquedos vale mais para o desenvolvimento dos pequeninos, do que os 'brinquedos que brincam sozinhos'

A partir dessa conversa, em um segundo momento promovemos uma oficina, coordenada pelos @engenheirosdainfancia , em que os pais puderam construir um brinquedo com os filhos. Tudo feito com materiais reciclados, que fazemos uso diariamente.

Foi um momento lindo de interação, vínculo, diversão e muita brincadeira!

O brincar é transformador!

Agradecemos a receptividade do cmei, aos @engenheirosdainfancia e ,principalmente, à @ufg_oficial que como universidade federal permite esse diálogo incrível com a comunidade, de forma que podemos trazer à realidade social tudo o que temos aprendido na faculdade

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A pressa é inimiga da infância


Nesse mundo competitivo e produtivista, a questão do tempo mudou. Os segundos são contados para dar tempo de fazer as inúmeras tarefas programadas para um só dia, tudo é feito às pressas. Nós, adultos, ficamos imersos no meio de uma rotina estressante, desgastante e corrida e colocamos as crianças na mesma lógica. 

Acordar cedo, correr para a escola … almoça correndo e já tem futebol, inglês, dança, reforço escolar, natação … fim do dia e a criança cansada ainda quer atenção de pais muito mais cansados.
A quantidade de atividades e a pressa impede que a criança tenha direito à coisas tão caras para o seu desenvolvimento: o ócio e o tédio. A infância é um tempo social da vida que percebe e vive o tempo de forma distinta. O caminho até a escola realizado em cinco minutos pode se tornar um caminho de trinta minutos cheio de descobertas, aprendizagem e tempo com a criança. É preciso tempo para descobrir um mundo todo novo todos os dias, e a pressa é inimiga da infância.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Infâncias e Crianças no Plural




A criança que você foi não pode ser comparada com a criança que outra pessoa foi. Da mesma forma, não se pode comparar sua infância com a de agora. De acordo com a Rede Municipal de Educação do Município de Goiânia “infância é um tempo social e histórico, em que a criança, indivíduo social, constrói sua história demarcadas pelas experiências humanas e determinadas pelas formas de organização da sociedade”. Sendo assim, as infâncias são marcadas pelo contexto histórico, político, cultural, econômico e social. 

O contexto é diferente e o advento da tecnologia modificou a relação tempo e espaço, bem como as relações interpessoais estabelecidas. As crianças não brincam mais como antigamente, os jogos mais atraentes se tornaram os tecnológicos; mas isso não significa que não brinquem, que não se desenvolvam, que não aprendam. Muita coisa mudou, mas crianças ainda existem e devem ser respeitadas em seus direitos.

Mergulhar nesse vislumbre do passado, como se fosse muito melhor que o presente, pode levar a ignorar que as características da infância atual é diferente e, consequentemente, as crianças se comportam de formas diferentes. Esquecer que criança deve ser compreendida na sua totalidade, preocupando-se com seus processos de constituição como seres humanos que vivenciam diferentes contextos sociais, as suas culturas, as suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais que agregam à diversidade de suas histórias familiares, sociais, culturais e econômicas.

Fonte: Projeto Político Pedagógico da Rede Municipal de Educação de Goiânia

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Qual barreira é maior: biológica ou social?






Hoje trouxemos essa reflexão para pensarmos sempre. Muitas vezes nos referimos às crianças com alguma deficiência como se sua condição fosse barreira para as relações, aprendizados e desenvolvimento. No entanto, a barreira social, o preconceito, os estereótipos se colocam como principal entrave no desenvolvimento saudável dessas crianças. 

É importante defendermos a diferença e diversidade como possibilidade de práticas pedagógicas que considerem a pluralidade presente no cotidiano das relações contextualizadas, e que rompam com a dualidade melhor - pior/bom - ruim, que promove a exclusão e o preconceito.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Um dia prederam o choro...


Um dia prenderam o choro. Ninguém entendia muito o motivo, mas o choro sempre escutava coisas como: “nem doeu”, “já passou” ou “você já é muito grandinho para chorar. Mas o choro sabia muito bem que ainda doía, que não havia passado e que não existe idade para chorar.
Dentro de uma cela fria, escura e solitário, o choro lamentava pois sabia que se ficasse muito tempo ali poderia nunca mais sair tornando o mundo apático e talvez até insensível. O choro então se debatia e se apertava tentando passar entre as grossas grades que o prendiam, mas era em vão. A sentença dada ao choro era dura e diária.
O choro foi sentindo-se sozinho, sem importância. Sem alimento e cuidado foi perdendo as forças e parando de lutar para se desvencilhar das correntes que o prendiam. O choro sabia que estava morrendo aos pouquinhos, mas nada podia fazer. Seu juíz era duro demais. A lei, apesar de injusta, era clara: não se deve deixar o choro livre.
As esperanças já estavam se acabando, quando o choro sentiu um toque diferente. Não era um grande juiz que o julgava a cada vez que ele lutava por sua liberdade, mas uma mão caridosa e empática, que podia sentir e compreender a dor que o choro sentia em não poder escorrer por entre a fina pele levando consigo dor, ressentimento, tristeza e proporcionando alívio.
 Aquele toque, aquelas palavras doces eram o que o choro precisava para retomar sua esperança e seu ideal de liberdade e, juntando todas as forças possíveis que ainda tinha, pode então derrubar as grades que o prendiam. O choro então veio como uma cachoeira em sua tão sonhada liberdade. Compulsivamente o choro escorria por aquele pequeno rosto, experimentava o alívio de poder sentir o calor do sol e saber que não estava só. O choro veio e escutou a mais linda frase, diferente de tudo que estava acostumado a escutar: “tudo bem, pode chorar, eu sei que estava doendo”.
Descobriram, assim, a importância de deixar-se chorar. Reconheceram que o choro não é mau, ele é importante para a vida, para o viver. Entenderam que crianças choram, meninas e meninos, e adultos também podem chorar. Sentir e viver a emoção do momento. Libertem o choro, libertem as emoções, libertem-se a si mesmos.


Por Nayara Feitosa (Graduanda de Psicologia UFG)

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Palestra: A importância da Brincadeira no Desenvolvimento Infantil


Na última sexta-feira aconteceu a nossa primeira Palestra&RodaDeConversa do semestre. Foi o dia do “Criança em Questão” dialogar com os pais e mães da Escola Municipal de Tempo integral Santa Rita de Cássia (Vale das pombas) sobre a importância de brincar com as crianças. 

Foi um momento rico de trocas de experiências significativas, no qual as pessoas puderam rememorar os momentos das brincadeiras na infância: a liberdade de poder brincar na rua, se sujar, construir seus próprios brinquedos com matérias simples e, principalmente, brincar junto com outras crianças e com os familiares. 

As famílias puderam identificar que esses aspectos das brincadeiras infantis tem se perdido, sobretudo em decorrência do uso da tecnologia (principalmente o celular), e reconhecer a importância de participarem ativamente e afetuosamente dos momentos de brincadeiras com seus filhos. 
 

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