segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O que você gostaria que sua professora soubesse?


Ana Luiza Basílio, do Centro de Referência em Educação Integral, realizou uma entrevista com a professora Luana Tolentino a respeito de uma prática criativa e cuidadosa, realizada por ela em suas aulas de História. Falamos sempre nas dificuldades do processo educacional brasileiro e suas inúmeras limitações, mas é fundamental que este não seja o nosso foco! Pessoas como Luana mostram que é possível ser uma semente fértil mesmo em terreno árido. Sabemos que existem outras e outros como ela espalhados por aí. A todos vocês dedicamos nossa admiração, e agora apresentamos a história da Luana como forma de inspiração!
Segue o texto na íntegra e o vídeo com algumas das respostas que a professora recebeu:
Não foi a primeira vez, e nem a última, que a professora de História de Belo Horizonte, Luana Tolentino, começou sua aula com uma frase inusitada para seus alunos: “O que você gostaria que eu, sua professora, soubesse sobre você?”.
Mais recentemente, a indagação foi dirigida a uma turma de cerca de 30 alunos do 6º ano do ensino fundamental. Foi a segunda vez que Luana aplicou a atividade. A primeira, em 2015, foi logo após ela ler uma reportagem sobre as práticas educativas de uma professora da cidade de Denver, no estado norte-americano de Colorado.
Em ambas as ocasiões,  notou o imediato interesse pela atividade. “Fui acolhida pelo encantamento e curiosidade delas”, relembra. A ideia é que os relatos entregues virem uma espécie de segredo entre ela e cada um dos estudantes.
O processo é bastante espontâneo e a professora costuma fazer apenas orientações sobre a redação e tamanho do texto.
Em conversa com o Centro de Referências em Educação Integral, Luana elenca os principais aspectos pedagógicos que a atividade fomenta e também fala sobre como a prática pode apoiar o papel mediador do docente.
#1. Estabelecer relação de aproximação/confiança
Para Luana, a atividade traduz a forma como ela mesma vê seus alunos. “Sempre busco propor algo que faça sentido a eles, que se afaste da ‘coisa maquinária’ de copiar e responder”, expõe. A docente comenta que é comum que se criem algumas convenções em torno das crianças. “Esperamos que eles sejam os mesmos, que tirem boas notas, que tenham bom desempenho. Mas a verdade é que eles não são iguais”, defende.
Em sua opinião, as atividades pedagógicas devem considerar cada estudante como indivíduo, com trajetória própria e especificidades. “Quando eles enxergam esse propósito, acabam por se aproximar mais de mim e da proposta e tornam a sala de aula um ambiente mais prazeroso”, afirma.
#2. Detectar problemas na sala de aula
A partir dos relatos recebidos, Luana acaba por ter contato com a vida dos alunos para além da escola. “Desde o início, eu sabia que eu não poderia ser indiferente a nada do que visse”, observa. A docente conta que são bastante comuns narrativas sobre violência, ou casos de ausência afetiva. Muitas vezes, essas histórias estão diretamente associadas a estudantes que apresentam dificuldades de comportamento, interação ou desempenho escolar.
Isso acaba funcionando como uma boa pista para o trabalho pedagógico. “Conhecendo a criança, você passa a ser mais assertivo, a propor uma mediação mais direcionada, em alguns casos”, reflete. Ela também reconhece que a atividade acaba por incentivar a autoria e a escrita dos alunos, em sua opinião, ainda pouco estimuladas pelas escolas.
#3. Fomentar a autonomia
“Ao pedir o relato para os estudantes eu estou dizendo que eles são capazes, que eles também sabem”, coloca Luana. Para a professora, isso é importante para criar um caminho autônomo de aprendizagem, fazendo com que cada aluno se perceba em meio ao processo, reconheça as próprias demandas e dificuldades e saiba entender que elas possuem peculiaridades próprias.
“Cada criança é um sujeito. Elas não podem estar ali o dia todo só acumulando informações que, muitas vezes, não fazem o menor sentido para a realidade delas”, complementa.
#4. Pensar em soluções para a sala de aula
A partir dos percursos pedagógicos mais dialógicos, Luana busca sempre inovar diante dos conteúdos, fazendo a ponte entre eles e a realidade dos meninos e meninas. “Eu sei que tenho um cronograma a ser cumprido, mas também sei que posso ressignificá-los e apresentá-los de forma a estabelecer outras conexões, pensando no contexto em que a comunidade escolar está inserida”, reflete.
Para ela, isso depende muito da leitura que o professor faz e carece de um preparo prévio, com estudos e pesquisas direcionados a esses elementos que tragam esses significados.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Coleção Itaú Criança

O Itaú criou um projeto que tem como grande objetivo fazer com que cada vez mais pessoas leiam para as crianças!!! Nós do Criança em Questão somos totalmente a favor da leitura na infância, enquanto grande fonte de estímulo à fantasia e criatividade, ajudando nos processos de aprendizagem e na compreensão do mundo! Por isso, indicamos que todos solicitem gratuitamente seus livros no site e se aventurem nas histórias dos dois livros disponibilizados!


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Qual o sentido da brincadeira para a criança?



Quando pensamos em brincadeira quase que automaticamente pensamos em criança. É bem provável que imaginemos uma criança empilhando blocos coloridos, brincando com bonecos ou empurrando um carrinho. Muito difícil encontrarmos alguém que ao se falar de brincadeira imagine um adulto jogando bola ou brincando de casinha, isso porque atividades assim podem fazer parte da sua realidade, com intencionalidades diferentes das crianças. Pode ser um engenheiro construindo casas, pais cuidando de seus filhos e dirigindo seus carros, um jogador de futebol ou dono de sua própria casa. Por mais que todas essas atividades correspondam as mesmas ações (construir, ser pais, dirigir, jogar bola, cuidar de casa) elas carregam intencionalidades diferentes e momentos de vida diferentes.  Mas então, por que quando falamos de brincadeira pensamos em criança?



                A brincadeira é a linguagem da criança! É a forma como esta vivencia, compreende e cria a sua realidade. Toda brincadeira tem uma intencionalidade, não é um mero passatempo. Quando a criança brinca de casinha, ou de motorista, ou de papais e mamães, ela está construindo sentido sobre as experiências que tem. Por mais que uma criança não possa ser pai, ou dirigir um carro, ao desempenhar esses papéis ela demonstra sua compreensão de regras. Ela faz de conta que dirige um carro e se imagina parando em um semáforo no vermelho, ela faz de conta que é pai/mãe e troca a roupa do filhinho. O mundo do “faz de conta” é a sua apropriação da realidade e o inicio do processo de internalização de regras.
                Portanto, como a brincadeira é a linguagem da criança, ela precisa ser estimulada, precisa ser mediada pelos pais, pelos educadores e até mesmo por outras crianças, para assim promover o desenvolvimento. Assim, devemos dar suporte para que ela aproprie conhecimentos da realidade e desenvolva novas percepções. Brinquemos então com nossas crianças, pois são estas experiências do presente que auxiliarão em seus futuros e na ressignificação de suas vivências. 

Por: Nadine Botelho Santos


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