segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Indicação Literária: Pedro vira porco-espinho


Pedro vira Porco-Espinho da autora  e também ilustradora  Janaina Tokitaka, é o segundo livrinho do projeto Leia para uma Criança do @itausocial.
Esse livro é risada garantida durante a leitura, a criançada se diverte quando de repente: o Pedro Vira porco espinho! Aos pouquinhos as crianças começam a perceber que não é tão de repente assim, Pedro só vira porco espinho quando acontecem coisas específicas.... Ou melhor, coisas que ele NÃO gosta.
Mas, por outro lado, se começarem a acontecer coisas que ele gosta como Bolo de Chocolate e Abraço apertado de Vó, ele rapidamente deixa de ser Porco Espinho e volta a ser só Pedro... e com você, também é assim?
Ligya Roque (graduanda psicologia/licenciatura – UFG)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O uso de aplicativos na educação


Não é de se estranhar, nos dias de hoje, pessoas de todas as idades com smartphones ou tablets em mãos. Tais máquinas cumprem inúmeras funcionalidades! Nos comunicamos, fotografamos, calculamos, jogamos, pagamos contas… e por que não utilizar na educação de nossos pequenos?
Apesar de lenta, é possível notar a inserção gradativa das tecnologias em ambientes escolares e demais contextos educacionais. A explosão e sucesso dos cursos de educação à distância são o maior exemplo de que é possível sim aliar os mais diversos inventos e a aprendizagem.
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), em seu livro “Tecnologia do Ensino” (1972), já propunha o uso de recursos tecnológicos como facilitadores do processo educativo. Sua proposta de máquina de ensinar possibilitaria uma progressão individualizada - em seu próprio ritmo - num contínuo, onde o passo seguinte depende do sucesso no passo anterior. No contexto de sala de aula, a utilização desses novos recursos permitiriam melhorar a relação professor-aluno, dando ao professor maior liberdade para atuar em contatos intelectuais, emocionais e culturais.
Na educação de crianças, os aplicativos, por exemplo, podem ser muito úteis por seus recursos interativos - cores, personagens, sons, pontos - que servem de reforçadores imediatos para prender a atenção, incentivar e manter os pequenos engajados nas atividades. Vale ressaltar que eles não substituem a sala de aula e o contato com colegas e professores.
Algumas indicações de aplicativos feitas pelo site Novos alunos (http://novosalunos.com.br/9-aplicativos-que-ajudam-na-alfabetizacao-infantil/) são:
  • O ABC do Bita: é um abecedário interativo que, com seus joguinhos, estimula o raciocínio lógico das crianças, trabalha a coordenação motora, colorido, lúdico e com trilha sonora. Disponível tanto para Android como para iOS.

  • Palmakids: recomendado para crianças em processo de alfabetização infantil tanto na língua portuguesa como na língua inglesa, ajudando a desenvolver as memórias auditiva e visual, é um joguinho lúdico e autoexplicativo. Disponível para Android e para iOS.

Leia mais em: SKINNER, B.F. Máquinas de Ensinar. In:____. Tecnologia do ensino. Tradução de Rodolpho Azzi. Editora Herder. Editora da Universidade de São Paulo. 1972.

Gustavo Santos (Licenciando em Psicologia -  UFG)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

O FRACASSO ESCOLAR SOB O VIÉS DO MÉTODO PEDAGÓGICO


O histórico cultural pedagógico aponta as medidas punitivas como o principal método de ensino estabelecido na educação escolar, uma vez que apresenta resultados imediatos. Todavia, esse mecanismo é identificado como um dos pilares do fracasso acadêmico, haja vista que prejudica a relação professor x aluno, pois transmite a ideia de o docente ser ‘‘mais forte’’ que o estudante e, por esse motivo, este lhe dever obediência – extinguindo, assim, o respeito mútuo necessário. Ademais, esse recurso não ensina ao aluno uma nova forma de se comportar, o que possibilita que este discente aja de determinada forma somente na presença daquele que o castiga, não resolvendo o problema comportamental.
Além de falhar em seu propósito, a punição adotada como medida disciplinar traz efeitos colaterais ao aluno. Constata-se que sob efeito desse estímulo aversivo, a tendência do discente reagir de forma agressiva ou ociosa, é alta. Tais ações que se caracterizam como válvulas de escape, como a fuga e/ou o vandalismo, ocasionam sequelas emocionais ao sujeito, como ansiedade e ressentimento, que potencialmente podem impedir seu rendimento escolar. Dessa forma, as medidas punitivas apresentam resultados muito mais negativos que positivos, tanto para o professor que aplica a penalidade, prejudicando sua relação com o estudante, quanto para o aluno que é punido, participando, portanto, ativamente e efetivamente do fracasso escolar de ambos.

Fonte:
SKINNER, B. F. Por que os professores fracassam. In: SKINNER, B. F. Tecnologia do Ensino. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 1972. Cap. V, p. 89-108.

Milena Magalhães (Licencianda em Psicologia - UFG)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

INDICAÇÃO CINE: Min e as mãozinhas


Estima-se que no Brasil quase 10 milhões de pessoas possuam deficiência auditiva, dessa forma, através de produções como Min e as mãozinhas, essa parcela da população pode ser vista e incluída.

Min e as mãozinhas é uma animação brasileira recentemente lançada no Youtube e a primeira a ser totalmente voltada para um público com deficiência auditiva e de fala. Trata-se de uma série, com episódios curtos voltada para crianças de 3 a 6 anos de idade.

Criado por Paulo Henrique Santos, o desenho é lúdico e cheio de cores, com leves melodias que no decorrer dos menos de 10 minutos de duração, proporcionam diversão para todos que estão assistindo. Vale ressaltar o caráter inclusivo da animação, visto que qualquer pessoa (com deficiência ou não) é capaz de acompanhar o conteúdo.

Min é uma menina surda que também não é capaz de oralizar. Durante a trama ela vive aventuras com seus amigos animais em envolvimento com a natureza, cada um com sua própria linguagem de sinais imersos em muita brincadeira. Os sons são demonstrados através de onomatopeias e os sinais realizados de maneira devagar para que todos possam aprender, sendo que, em cada capítulo são ensinados até cinco sinais em libras. 


Você pode acessar o conteúdo através do link: https://www.youtube.com/channel/UCJtOTvG4EvBGkvtTVVv8Lpg/videos


Gabriella Carvalho (licencianda em Psicologia - UFG)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Indicação Literária: Ai, eu entrei na roda


“Quem não guarda na lembrança uma cantiga de roda?”

Certamente elas fizeram parte da infância de muitas pessoas e, como qualquer brincadeira, tiveram grande importância no desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

“Ai, eu entrei na roda”, de Nilce Bechara (2011) é um convite para (re)viver essas canções, suas histórias e coreografias, destacando o quanto elas podem estimular a memória e a imaginação. O livro conta com belas ilustrações, além de propor atividades interativas pelas quais as crianças podem aprender as letras de várias canções de roda e se envolver em suas histórias.

Além disso, a proposta do livro nos permite pensar o papel da música na infância, uma vez que ela envolve percepção, sentimentos, criação, reflexão. A música é uma linguagem essencialmente vinculada à cultura e à subjetividade humana, sendo possível, por meio dela, conhecer o outro e também a nós mesmos.

Gustavo Mota (licenciando em Psicologia - UFG)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Afinal, de quem é o papel de educar a criança?


“Mas os pais não fazem o seu papel”, “educação vem de casa”, “essa escola não está sabendo educar meu filho” …. O embate escola e família se coloca à medida que não sabemos, de fato, o que é educação e de quem é esse papel. Mas, AFINAL, DE QUEM É O PAPEL DE EDUCAR A CRIANÇA?

O  conceito de educador é, muitas vezes, restrito ao professor. No entanto, educação pode ser  entendida como um processo que ultrapassa o ensino de saberes específicos, já que a aprendizagem e o desenvolvimento constituem a criança em sua expressão, seu afeto, sua sexualidade, sua socialização, seu brincar, sua linguagem, seu movimento, sua fantasia, seu imaginário e suas infinitas formas de expressão. Educação é transmissão de valores, saberes, hábitos. É aprender a falar, andar, amarrar o cadarço, comer. É português, matemática, história, geografia, artes, ciências, filosofia, sociologia. É brincar e é, também, aprender o alfabeto. É saber lidar com os próprios afetos e como expressá-los. É respeitar o outro, a diferença. É entender como a sociedade funciona e ao mesmo tempo saber seu potencial transformador.

Não nascemos humanos, aprendemos a sê-lo e fazemos isso através da educação. Nos espelhamos, imitamos e internalizamos. Através do outro nos constituímos.

Portanto, se você faz parte do processo de desenvolvimento da criança em uma relação de ensino-aprendizagem, você é EDUCADOR!

Família, cuidador, professor, auxiliar e pessoas que influenciam a criança são todos considerados educadores. O papel de educar a criança é de todos nós!


Débora Andrade (Graduanda em Psicologia - UFG e Bolsista do Projeto de Extensão "Criança em questão: repensando certezas com a família e a escola")

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Vamos guardar os brinquedos?


Vamos guardar os brinquedos?

O momento de guardar os brinquedos, geralmente, não é muito apreciado pelos pequenos. Eles amam brincar, mas na hora de guardar os brinquedos… Aaaah não! Ninguém quer!

Começamos a brigar com as crianças, criticá-las e até rotulá-las de preguiçosas. A medida que isso vai acontecendo, a criança começa a acreditar nessa crença e absorve essa convicção de que, realmente, é preguiçosa.

Com isso, cabe a nós nos perguntarmos por que esse momento é acompanhado de tanto estresse? A atitude das crianças de não querer arrumar os brinquedos, muitas vezes, não seriam uma reação aos gritos e impaciência dos adultos?

Essa hora pode ser uma oportunidade de proporcionar um momento tão lúdico quanto o brincar. A gente não precisa criticar a criança que não quer guardar como preguiçosa.Podemos compartilhar esse tempo com os pequenos!

No meu primeiro dia de estágio em um Centro Municipal de Educação Infantil estava no berçário e chegou a hora de guardar os brinquedos. A sala tornou-se uma festa, todos cantando “guarda, guarda, guarda, bem guardadinho, se guardar direito fica bem arrumadinho” e as crianças envolvidas, se divertindo, gargalhando. Esse momento me marcou e me fez refletir sobre essa questão. Bebês ajudando a arrumar a sala sem o despertar de emoções negativas, se sentindo parte daquilo, brincando e aprendendo responsabilidade.

Cabe a nós como adultos, pais e educadores usar nossa criatividade e viver esse momento de forma mais leve, de forma lúdica. Podemos ensinar ordem e responsabilidade sem deixar a diversão sair pela porta!

Débora Andrade (Graduanda em Psicologia - UFG e Bolsista do Projeto de Extensão "Criança em Questão: repensando certezas com a família e a escola)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Indicação Cine: Arkangel


Vigilância e controle: Qual o limite?

Arkangel é o segundo episódio da quarta temporada da série de antologia Black Mirror e aborda o uso da tecnologia relacionada à superproteção parental. 

Um 'aparelho' que permite observar os sinais vitais e a localização do filho, aplicar filtros de desfoque de visão em momentos estressantes do pequeno e literalmente enxergar pelos olhos do jovem. Controle que traz tranquilidade, inicialmente, possibilita a proteção do filho. 

Mas será que certa exposição ao perigo também não é necessária? Até que ponto o controle pode levar? 

A trama coloca em questão desdobramentos éticos e morais, que surgem quando a criança cresce e toma consciência de sua individualidade e passa a prezar por sua privacidade.  O alívio inicial de uma proteção parental desmedida que leva ao terror de suas consequências.


Débora Andrade (Graduanda em Psicologia - UFG e Bolsista do Projeto de Extensão "Criança em Questão: repensando certezas com a família e a escola")

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Brincar ou ter um brinquedo?


Brincar ou ter um brinquedo?
O brincar e o brinquedo na sociedade de consumo

Oliveira (2007) contextualiza a questão do brincar e do brinquedo dentro da sociedade atual de consumo, colocando que as transformações sociais e econômicas alteram, ainda, a concepção de criança e, consequentemente, a visão a respeito do brinquedo. Este, por sua vez, apresenta-se nessa sociedade como mercadoria necessária para o consumo do público infantil. 

Segundo a autora, vê-se outra concepção de brincar, submetida à lógica de padronização, e da prontidão (a criança não desenvolve ação criativa sobre o brinquedo, pois esse vem pronto e acabado, faz toda a ação sozinha, enquanto reflexo do avanço tecnológico) onde a única ação do infante, se resume na sua condição de proprietário do brinquedo.” (p. 3).


Referência:

OLIVEIRA, M. R. F. O Brincar na Sociedade de Consumo: em Busca da Superação da Lógica de Padronização e Propriedade do Brinquedo. Revista Eletrônica de Educação, ano I, n. 1, 2007.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Indicação Literária: As Brincotecas


As brincotecas (Naava Bassi)

Um país em forma de triângulo, com brinquedos que falam entre si e crianças que vão às ruas para reivindicar pelo direito de brincar… Ainda que estranho apareça, esta história conta muito da realidade! Naava Bassi, escritora, professora e fotógrafa brasileira traz nesta primorosa obra um dos maiores enfrentamentos em nosso país: a intensa e persistente desigualdade social.
Tratando de forma lúdica as vivências e cotidianos das crianças em seus diferentes contextos, a autora apresenta como a sociedade se estrutura de forma acessível,  buscando a reflexão de algumas situações conflituosas tendo em vista o próprio mundo infantil: Por que algumas crianças podem ter muitos brinquedos e outras nenhum? Por que algumas precisam trabalhar e outras não?
Provocando questionamentos de grande profundidade em temas que perpassam o consumismo exacerbado, a solidariedade e a luta por direitos, o livro se estrutura em uma linguagem simples e com ilustrações que saltam aos olhos. Além do mais, a obra levanta propostas interessantes sobre como se faz possível a busca por saídas para tais temáticas, desde bem pequenos.

Leitura inspiradora e de grande valor!

Rayane Neves (graduanda de Psicologia - UFG e bolsista do Projeto de Extensão "História meio ao contrário...literatura infantil, consciência crítica e formação humana" no Centro de Trabalho Comunitário)

Inclusão Escolar: Como Lidar?


Inclusão escolar: como lidar?
  • Conhecer melhor a criança e sua condição;
  • Buscar informações de seu contexto sócio-histórico e observar sua conduta;
  • Observar como se dá o acolhimento e acompanhamento dessa criança em sua fase de adaptação;
  • Considerar as diversas formas de comunicação dessas crianças;
  • Buscar articulações com setores especializados de atendimento; 
  • Aumentar a rede de apoio.

Fonte: "A pluralidade na educação infantil: uma reflexão psicossocial da práxis educativa" (curso ministrado para as (os) auxiliares de atividades educativas - UFG/GERFOR)

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

IndicaçãoCine: Do Lado de Cá


Do Lado de Cá é um filme a respeito da dignidade. Trata-se de uma crônica poética sobre violência e seus impactos na vida de uma mãe, Aurora, mulher independente que tenta retomar sua rotina após uma perda devastadora em sua família.
Segundo o Déo Cardoso para atingir tamanha delicadeza narrativa, recorremos à estética do cinema Neorrealista italiano, bem como do Cinema Novo brasileiro. Dessa forma, o comportamento da câmera varia de uma forma crua, urgente e tremida para momentos fixos de composição assimétrica. Essa abordagem crua para um conteúdo delicado faz parte desse contraste que o filme almeja, tanto na composição fotográfica, quanto na edição. O desenrolar do filme é contemplativo e energético.
O cineasta explica que o filme foi produzido de forma muito simples, com poucos equipamentos e staff reduzido, de modo a alcançar o maior grau de intimidade e sensibilidade junto às personagens do curta.  Logo, a proposta é puramente semiótica: cada gesto, cada olhar, cada figurino, enfim, tudo tentará passar dignidade, mesmo que de forma despretensiosa, relata Déo Cardoso.
Em dez anos de carreira, ele realizou cinco curtas-metragens de ficção e três documentários, dentre eles o premiado curta-metragem: Pode Me Chamar de Nadi. Ao longo da carreira, Déo Cardoso tem dividido seu tempo entre o cinema, a vida acadêmica, e a militância em movimentos sociais. Dessa experiência, ele traz para seu cinema uma temática socialmente provocativa ora com humor, ora com críticas ácidas sobre nossas contradições.

Fonte: https://jornaldiadia.com.br/2016/?p=220076 

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Preta, eu sei!


Preta, eu sei
Eu sei que você não gostava muito de se olhar no espelho
Sei que seu cabelo era um problema
Preta, eu sei
Eu sei que a professora não tocava sua cabeça como a das outras meninas
Eu sei que você não tocava nos seus fios
Eu sei da dor que era desembaraçar
Eu sei também que vieram os apelidos
Eu sei que seu desejo era acabar com aquilo
Eu sei que nenhuma boneca sua se parecia com você
Ou nenhuma estrela de tv
Eu sei que você se achava menos bonita
Eu sei o que você fez pra escapar disso tudo
Você relaxou, não foi? Você alisou...
Você puxou, você esticou
Eu tava lá, preta... eu vi
Você se desenhou branca? Você sonhou com você tendo outro cabelo e outra pele?
Tava imposto, não tinha jeito
Você fingia ser outra pra alcançar respeito
Eu sei preta, que você se viu na outra preta que passou
Com seu cabelo solto, cheio de crespura e amor
Eu sei que você se viu
Eu sei, preta... você tem medo, né?
Você acha que seu cabelo não é digno de respeito
Você tem medo dos olhares e das reações
Mas preta, deixa eu te contar
Beleza maior em você, irá encontrar
Você nunca se sentiu completa com aquelas máscaras, não é verdade?
Você vai viver a beleza de ser você
Vai ver, vai gostar
Vai voltar pra me contar
Vem preta, solta esse cabelo
Olhe suas irmãs e veja quanto espelho
Descobriu seu poder?
Ninguém nunca mais vai te dizer
Quem você tem que ser.

Texto por Bruna de Paula.

IndicaçãoLiterária: Vento no rosto


“Vento no rosto”, nossa obra literária desta semana, tem notável relevância: é um livro criado por crianças.

O Instituto Promundo, uma organização não governamental em parceria com a Save The
Children, desenvolveram um projeto junto a crianças da comunidade da Maré, no Rio de Janeiro.
O contato das crianças foi por meio do projeto Esporte, Cultura e Cidadania da Fundação
Oswaldo Cruz e tinha como objetivo principal “dar voz aos pequenos sobre como pensam que
poderiam ser educados sem o uso da violência”, conforme própria organização.

Assim, o livro criado pelos próprios relatos de meninos meninas, conta a história de Lucas, um
garoto que gostava muito de brincar e amava seus pais. Entretanto, eles sempre trabalhavam
muito e viviam dando ordens aos filhos, por vezes em broncas e castigos severos. A narrativa,
com uma linguagem bem estruturada, aborda temas cotidianos da infância e como esses podem
ser tratados de forma distintas pelos adultos, levantando a importância do diálogo, da
necessidade de um contato não violento e do respeito à todas as relações.

Direitos, deveres, a importância no reconhecimento da criança enquanto sujeito de direitos e o
respeito às mesmas: temáticas constantemente presentes em uma obra fictícia criado por crianças e, ainda disponível online! Tem como perder essa?

Link para acesso ao livro: https://promundo.org.br/recursos/vento-no-rosto/?lang=portugues 

Rayane Neves (Graduanda de Psicologia e bolsista do projeto de extensão "História meio ao contrário...literatura infantil, consciência crítica e formação humana")

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Consciência Negra: para além do dia 20 de novembro


No dia 20 de novembro, o Brasil comemora o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi oficializada pela Lei 12.519/2011 e não possui status de feriado nacional, apesar de vários estados estabelecerem como feriado. No entanto, está em tramitação o projeto PLS 482/2017, do Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que a data se torne feriado nacional. No âmbito da educação, a Lei 10.639/2003 foi responsável por decretar a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira na educação básica.

Esse dia surgiu como rememoração da história dos negros no Brasil, desde a colonização, suas lutas e suas conquistas. Além disso, representa uma homenagem àqueles que lutaram e lutam pelos direitos da raça e seus principais feitos. A data foi escolhida, então, em homenagem ao Zumbi, último líder do Quilombo dos Palmares, em decorrência de sua morte. O dia 20 de novembro faz menção à consciência negra, a fim de ressaltar as dificuldades que os negros passam há séculos.

Comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa luta. Justamente, por isso, a memória e, principalmente, a luta não devem resumir-se ao dia 20 de novembro. Temos a tendência de usar uma data para mascarar a opressão presente no cotidiano, sendo que é necessário falar sobre consciência negra sempre. A violência, preconceito, exclusão, falta de representatividade … estão postos todos os dias.

Precisamos falar com nossas crianças sobre história, sobre opressão, sobre diversidade, sobre luta, sobre RESPEITO!

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

IndicaçãoCine: Vermelho como o céu


Vermelho Como o Céu é um longa-metragem italiano lançado em 2007 e dirigido por Cristiano Bortone. Mirco, o protagonista, sofre um acidente doméstico, perdendo a visão. É rejeitado pela escola convencional e direcionado a uma escola especial, no qual, a partir de sua paixão pelo cinema, redescobre seu potencial e sua criatividade. Mirco apura seus outros sentidos, nos fazendo sentir!
Um filme sobre transição, dificuldades, conflitos, problemas sociais, luta, superação e transformação. Vermelho como o céu é poesia, é emoção.
Além de fazer uma belíssima declaração de amor ao cinema, Vermelho Como o Céu resgata a tradição humanista e passional de um tipo de cinema italiano que não tem medo de chorar. Não por acaso, ele foi eleito o melhor filme pelo Júri Popular da 30ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Indicação Literária: Show de Bola



Show de bola (Jonas Worcman de Matos e José Santos)

Um livro de poemas, adivinhas, curiosidades e até mesmo um dicionário sobre futebol… Show de bola, escrito por Jonas Worcman de Matos e José Santos (pai e filho), traz divertidas e diferentes possibilidades em um livro para crianças e adultos,  pautadas sempre na temática do futebol e com vibrantes ilustrações.

Muito bem humorado, o livro é dividido em ‘primeiro tempo’, ‘intervalo’, ‘segundo tempo’ e ‘prorrogação’, cheios de poemas descomplicados que narram como um jogo de futebol pode ser: na grama ou na lama, com bola ou garrafa, mas que o importante mesmo, é jogar junto!

As adivinhas, com nomes curiosos sobre passes e dribles do futebol dão uma dinâmica especial para o ‘intervalo’, proporcionando interessantes informações futebolísticas em um jogo de palavras interativo.

Leitura prazerosa e enérgica, como um bom jogo de futebol deve ser!

Rayane Neves (Graduanda em Psicologia-UFG e bolsista do projeto de extensão "História meio ao contrário... literatura infantil, consciência crítica e formação humana" no Centro de Trabalho Comunitário-CTC)

Conhece alguma instituição de educação que gostaria de realizar uma palestra/roda de conversa? ENTRE EM CONTATO


Qual o valor? 
As palestras e/ou rodas de conversa são ofertadas de forma gratuita

Sobre qual tema vocês falam? 
Qualquer temática referente à Psicologia, a partir da demanda da própria instituição

Quais instituições podem entrar em contato? 
Todas as instituições de educação públicas ou privadas de Goiânia e região metropolitana.

Não perca essa oportunidade, a agenda está aberta!

Entrar em contato:
facebook: Criança em questão
Instagram: @criancaemquestao


domingo, 11 de novembro de 2018

A educação infantil como lugar do brincar


É consenso afirmar que toda criança brinca. Via de regra, a atividade lúdica está presente em quase tudo que a criança faz. Quando come, quando toma banho, antes de dormir, e é quase certo que vá relutar em parar de brincar para realizar uma atividade "séria". Brinca espontaneamente, não importa como, nem o seu conteúdo. Não importa com qual brinquedo, pois o brinquedo nos remete a um produto com determinados conteúdos e a atividade em si, o brincar, tem caráter de produção, de processo.

O brincar se refere à própria composição subjetiva, e qualquer atividade significante no desenvolvimento da criança está relacionada a esse processo, indicando não só os avanços, as conquistas, os progressos em seu desenvolvimento, como os impedimentos, as dificuldades e as patologias. Se não há brincar, o sujeito se cala. 

O brincar é assim, um ato que permite a expressão do mundo interno da criança, a elaboração e o controle de suas vivências, armando uma espécie de cenário imaginário onde protagoniza de modo ativo aquilo que se vive e experiencia de modo passivo. Favorece também o estabelecimento de laços seja com o adulto, seja com outras crianças. Trata-se da construção do sujeito humano que, na relação com o Outro Cuidador, vai poder organizar sua relação consigo mesmo, com o mundo e com os objetos. 

Às vezes, se faz difícil compreender que um bebê já brinque. Evidentemente que sua capacidade criativa e sua habilidade lúdica diferem muito de crianças maiores, e é justamente por isso que aquele que se ocupa de bebês e crianças no âmbito da educação infantil deve estar atento para o percurso lúdico que o pequeno sujeito realiza. Seguimos aqui as ideias de Winnicott (1973) que destaca quatro tempos do brincar da criança:

1) O brincar com o corpo do outro cuidador;
2) O brincar no espaço de ilusão, onde o outro adulto ainda é necessário, não mais como corpo, mas enquanto olhar;
3) O brincar sozinha, mas na presença de um adulto de referência disponível;
4) O brincar com outras crianças.

Observa-se que a presença e o lugar do Outro Cuidador-educador nas brincadeiras primordiais dos bebês são fundamentais, pois permitem à criança aos poucos se voltar para os objetos do mundo externo, iniciando e complexificando seus modos de exploração através do brincar. Essas "brincadeiras constituintes" se realizam durante as atividades de cuidados dispensados à pequena criança. Ao se lambuzar de papinha, ao buscar o corpo do adulto, procurando por marcas, orifícios, enroscando no cabelo, por entre as pernas, ao jogar um objeto e esperar que o adulto o devolva, ao se fartar de prazer brincando de "escondeu-achou". Até as atividades mais ousadas como enfiar os dedos nos buracos - tomadas, vãos, frestas -, sempre atento a buscar a participação do outro adulto com seu olhar. Olhar que também precisa estar presente quando a exploração se torna produção, ou seja, quando a criança consegue empulhar peças ou alcançar um brinquedo escondido. 

Em resumo, nos berçários, a participação dos educadores nos momentos lúdicos não se resume em apenas observar a atividade dos bebês em torno dos objetos e brinquedos disponíveis. Exige uma participação ativa, significante, isto é, capaz de traduzir em palavras a ação do bebê, permitindo a este construir simbolicamente e encenar imaginariamente suas representações e versões do mundo e de si.

Ao campo da educação infantil fica vedado se posicionar num lugar distante e alheio à função do brincar e tão pouco comprometido com o desejo e o prazer. Aprender, investigar e desejar é, na verdade, o brincar transformado, garantindo que tudo possa continuar acontecendo como aprendemos - brincando. 

Referência:
MARIOTTO, R. M. M. Cuidar, educar e prevenir: as funções da creche na subjetivação de bebês. São Paulo: Escuta, 2009, p. 141-143.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Indicação Cine: Vida Maria



“Vida Maria” é um curta-metragem em 3D, lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos. O curta mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada.
A concepção meritocrata se desfaz em questão de segundos, dando lugar às limitações sócio-econômicas que perpassam as gerações de Marias. Maria de Lourdes. Maria José. Maria Aparecida. Maria de Fátima. Maria das Dores. Maria da Conceição. Maria do Carmo. Não dá tempo escrever atrás da janela, se é preciso lutar pela sobrevivência lá fora. Não viver, mas sobreviver.

Dia a dia nega-se às crianças
O direito de ser crianças.
Os fatos, que zombam desse direito,
Ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana.
O mundo trata os meninos ricos como se fosse
Dinheiro, para que se acostumem
A atuar como o dinheiro atua.
O mundo trata os meninos pobres como se
fossem lixo, para que se transformem em lixo.
E os do meio, o que não são ricos nem pobres,
Conserva-os atados à mesa do televisor, para
Que aceitem desde cedo como destino,
A vida prisioneira.
Muita magia e muita sorte têm as crianças
Que conseguem ser crianças.
Eduardo Galeano


Débora Andrade (graduanda de Psicologia-UFG e bolsista do Projeto de Extensão "Criança em Questão: repensando certezas com a família e a escola")
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial