segunda-feira, 21 de maio de 2018

O não pelo não: vamos refletir sobre a postura autoritária?


Estou entrando no universo infantil agora, não tenho respostas e não sei se elas existem de fato. Mas quero propor aqui uma reflexão, compartilhar com vocês essa pulga que ficou atrás da minha orelha.
No meu primeiro dia de estágio me deparei com broncas “descontroladas”, gritos sem explicações, vozes vindas do alto que não faziam sentido algum para a criança. E a partir disso fiquei pensando se seria essa a melhor forma de lidar com as “feiuras” das crianças.
Quando presenciei essa situação me senti agredida e violada. A palavra também pode machucar. Pouco nos colocamos no lugar das crianças que recebem essas broncas. Sei que é difícil e a paciência também tem limites. Mas gritar palavras sem sentido pode não resolver a situação e ainda virar uma espécie de violência verbal.
Piaget nos ajuda a pensar sobre isso quando escreve sobre o desenvolvimento moral da criança. Ele nos apresenta três fases do desenvolvimento moral, a anomia (ausência de regras), heteronomia (quando as regras são vistas como algo externo e imposta de forma coercitiva) e a autonomia (quando as regras são internalizadas e significadas, os princípios morais são criados na criança).
O autor, então, vai colocar que uma postura autoritária e impositiva por parte dos adultos vai gerar uma sensação de medo e opressão na criança. O que pode não possibilitar o desenvolvimento de sua autonomia, que é baseada no respeito mútuo e na reciprocidade.
Pensando sobre isso, podemos refletir que essas broncas “descontroladas” e autoritárias deixam marcas no desenvolvimento moral da criança, criando relações de respeito unilateral, baseadas no medo.
Mas então, o que fazer nessas situações? Como já escrevi tenho mais perguntas que respostas sobre o tema. Porém, podemos pensar em “broncas” baseadas no diálogo, em um tom de voz não-agressivo e que possibilite à criança a compreensão de seus erros. E, para isso, temos que ter uma dose extra de paciência e empatia, pois fácil não é. Mas acredito que vale à pena refletir um pouco sobre esse tema e nossas práticas.
Agora proponho que vocês pensem um pouco sobre isso. Quais os limites da bronca? Existem outras possibilidades? Vamos pensar juntos(as)!

Referência: PIAGET, Jean . O Juízo Moral na Criança. SP: Summus, 1994(1932)
* Mariana Morais é graduando de Psicologia (UFG) e relata um pouco de sua experiência do Estágio em Licenciatura de Psicologia, sendo realizado em um Centro Municipal de Educação Infantil de Goiânia
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