quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O que se faz em casa também é de responsabilidade da Escola?


Denis Plapler, do Portal do Educador nos convida a refletir sobre a importância de concebermos a educação e a aprendizagem como um espaço de co-responsabilidade entre escola, família, sociedade e também do próprio aluno. Sendo assim, ele nos questiona: Se a Lição de Casa é de responsabilidade da Escola, de quem é a responsabilidade sobre a Lição da Rua?
Leia o texto na íntegra e compartilhe conosco suas reflexões!

Certa vez em uma reunião de pais e professores, um pai bastante nervoso questionava a qualidade da nossa escola, uma vez que sua filha, aos 12 anos, não sabia lhe dizer qual era a capital do Brasil. Também fiquei surpreso, mas respondi a ele com uma outra pergunta:
-       O senhor realmente acredita que é  responsabilidade da escola o fato de sua filha, aos 12 anos, não saber qual é a capital do Brasil?
Pareceu claro a todos naquela roda que minha filha aos 12 anos saberia me dizer qual é a capital do país em que vive, caso eu acreditasse que aquela informação fosse realmente imprescindível a ela naquela idade. Os outros pais que participavam da roda permaneceram tranquilos, participaram do diálogo e seguimos a conversa alternando os assuntos.
Entretanto, trago este caso para refletirmos sobre a sempre polêmica Lição de Casa. Enquanto algumas escolas entopem seus estudantes de tarefas para serem realizadas em casa e entregues nos dias seguintes, assim como exigem que decorem uma serie de conteúdos em casa para que posteriormente possam ser reproduzidos em provas constantes e avaliados por notas, outras escolas optam por projetos significativos nos quais os estudantes se debruçam sobre aquilo que é do seu interesse e, assim, caso haja necessidade de se trabalhar fora da escola neste projeto, ele o fará naturalmente, seja onde for.
Encontramos assim dois modelos distintos. Um que enxerga a escola e o professor como detentores do saber, do conhecimento, da educação. Outra que enxerga a educação como um processo natural da vida humana, presente em todos os lugares e em todos os momentos, não apenas dentro da escola.
Se enxergarmos a educação dentro do paradigma escolar acabaremos por responsabilizar unicamente a escola pelos prejuízos e sucessos das nossas crianças, entretanto, se enxergarmos a educação de forma integral precisaremos nos compreender como parte responsável deste processo.
Pensemos assim: A escola precisa exigir e enumerar tarefas e conteúdos para que os alunos aprendam quando não estão na escola? É preciso que a escola diga não apenas o que se deve fazer quando se está na escola, mas também o que deve ser feito quando não se está na escola? Os pais, familiares ou amigos, não podem indicar um livro, uma música, um filme, um texto, uma atividade que possa ser interessante as suas crianças de forma a tornar seu tempo proveitoso? O estudante não pode ter a autonomia de decidir sobre o que gostaria de fazer dentro de suas possibilidades?
Fico bastante indignado ao saber que escolas ainda punem ou até mesmo reprovam estudantes que durante o ano letivo são privilegiados com uma boa viagem a um lugar desconhecido e precisam faltar as aulas. Com argumento que estarão deixando de aprender muita coisa importante e depois não vão conseguir acompanhar a turma ignoram toda aprendizagem ganha fora da escola.
Será mesmo que indo mais uma vez ao mesmo lugar para encontrar as mesmas pessoas esta criança vai aprender mais do que conhecendo um novo lugar, com novas pessoas, uma nova cultura? De que educação estamos falando? Ela não vai mais conseguir acompanhar seus colegas? Não devemos respeitar o tempo de cada criança? 
Não podemos mais postergar a necessidade de parceria entre família e escola. A escola precisa estar aberta a sua comunidade, assim como a comunidade precisa estar aberta a sua escola. Como nos lembrava Paulo Freire somos todos educadores responsáveis pela educação uns dos outros, a educação precisa ser um projeto coletivo.

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